Junto aos primeiros passos e palavras, a pequena Hildalea Gaidzakian já aprendia, ao lado do irmão, notas musicais e técnicas vocais. Os professores eram os próprios pais, que eram pianistas armênios.
A garota, porém, nasceu no Líbano, depois de seus pais fugirem da guerra em seu país natal, e chegou à capital paulista com apenas cinco anos. Com o incentivo musical, já estava dando aulas de piano e de canto aos 15.
Com o tempo, fez cursos, conservatórios e se formou nos EUA. Sua especialização foi o canto -virou soprano.
Além das várias óperas e concertos, liderou corais, cantou bossa nova e canções típicas armênias, estudou folclore e lendas brasileiras.
Estava sempre à frente de sua época, pronta para superar barreiras. Foi assim com as limitações impostas pela poliomielite, contraída ainda na infância e que lhe deixou um problema na perna, e com o preconceito sofrido por ser uma mulher, solteira, cantando à noite e viajando sozinha.
Na década de 1950, entrou para o Theatro Municipal de São Paulo, onde ficou até se aposentar. Gravou DVDs, recebeu prêmios e troféus.
Não ficava longe da música nem nas horas vagas. Atualmente, ainda ensaiava coral em sua casa, assistia concertos na TV e dava aulas.
Mesmo sem filhos, mantinha o papel de matriarca da família. Era em sua casa, em Perdizes, na zona oeste de São Paulo, que reunia os sobrinhos e sobrinhos-netos.
Mantinha a porta aberta também para famílias armênias que chegavam ao Brasil.
Morreu dia 25, aos 86 anos, após um mal súbito. Deixa sobrinhos e sobrinhos-netos.
coluna.obituario@grupofolha.com.br
-
-