Folha de S. Paulo


Antigo prédio do Dops vira ponto de craqueiros no centro de São Paulo

Marcus Leoni/Folhapress
Usuário acende cachimbo em frente ao edifício do antigo Dops
Usuário acende cachimbo em frente ao edifício do antigo Dops

Sob as marquises do antigo prédio do Dops, na Luz (centro), o acender de cachimbos é frenético dia e noite. A entrada do edifício que ficou conhecido como um centro de tortura durante o regime militar serve agora de abrigo a usuários de drogas.

A cerca de 500 metros do chamado fluxo –concentração de dependentes químicos atrás de crack na rua Dino Bueno– a portaria do prédio vem ganhando mais moradores, segundo seguranças do Memorial da Resistência, museu dedicado à história dos anos de ditadura.

"Algumas das pessoas aqui a gente já conhece bem. Se você sair perguntando aí, vai ver que tem gente estudada. Tem uma moça aqui que é advogada e vive na droga", disse um funcionário do museu.

Fabio Braga/Folhapress
Antigo prédio do DOPS vira ponto de craqueiros
Antigo prédio do Dops vira ponto de craqueiros

No momento em que a reportagem esteve no local na última sexta-feira (22), havia 32 pessoas sob a marquise.
Eles deixam a frente do Memorial da Resistência quando o lugar vira alvo dos funcionários das empresas que cuidam da cidade de São Paulo. Mas voltam a ocupar o local logo em seguida.

É comum na cracolândia o deslocamento das concentrações de usuários de drogas em função da atuação do poder público. Mais repressão em um determinado ponto, frequentemente, resulta não na dispersão dos dependentes, mas na ocupação de um trecho mais à frente.

Avener Prado/Folhapress
Marquises do Memorial da Resistência abriga cada vez mais usuários, dizem porteiros
Marquises do Memorial da Resistência abriga cada vez mais usuários, dizem porteiros

COMBATE

O poder público vem tentando afastar os usuários da região. Dois anos após criar o programa De Braços Abertos, a prefeitura mudou de estratégia e, agora, tenta distanciar os participantes da iniciativa do tráfico de drogas na região da cracolândia.

O programa De Braços Abertos usa a estratégia de redução de danos, em que o dependente é incentivado a diminuir gradativamente o consumo da droga, sem recorrer a internação e com oferta de emprego e renda.

Porém, a proximidade com os traficantes e com o fluxo recebe críticas desde que a ação foi implantada, em 2014.

O objetivo do poder municipal é colocar os beneficiários do programa em hotéis cada vez mais longe da região.


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