Folha de S. Paulo


Projeto que legaliza Uber pode liberar até 12 mil novos carros com motorista

Andrew Caballero-Reynolds/AFP
Passageiro mostra aplicativo Uber em celular
Passageiro mostra aplicativo Uber em celular

A gestão Fernando Haddad (PT) calcula que pelo menos 12 mil novos carros podem ser liberados para circular com a aprovação do projeto que regulariza aplicativos de transportes como o Uber em São Paulo.

Se a ideia for adiante, eles serão divididos entre alvarás para a modalidade táxi preto (mais luxuoso) e carros a serviço de empresas como Uber, Willgo e outras que venham a surgir.

A liberação dos aplicativos foi debatida na última audiência pública sobre o tema nesta quarta-feira (20), na Câmara de São Paulo. O projeto deve ir a votação na semana que vem.

O diretor da SPNegócios –empresa da prefeitura que desenvolve o novo projeto– Ciro Biderman disse a jornalistas que o viário suportaria até 50 mil veículos nessas modalidades.

Seria a soma dos 38 mil avarás de taxistas existentes atualmente e os novos 12 mil –seriam 6 mil novos táxis pretos e 6 mil autorizações para o Uber e seus concorrentes.

A prefeitura aposta no uso compartilhado de carros para reduzir a frota circulante na cidade. O novo projeto prevê que um mesmo carro com motorista possa ser usado por passageiros que saem de diferentes pontos os aplicativos com motoristas.

O Uber, por exemplo, já está implementando esse sistema em que o usuário paga o equivalente apenas ao seu trecho de viagem dividida com outras pessoas.

O debate acontece no momento em que o Uber –que tem cerca de 6 mil veículos em SP– está prestes a ganhar um concorrente, já que a empresa indiana WillGo deve começar a operar em São Paulo nos próximos dias.

O projeto enfrenta forte resistência dos taxistas, que acusam o Uber de ser uma empresa clandestina e que faz concorrência desleal. Para Biderman, sem a regulamentação, os taxistas são os mais afetados.

"Alguns taxistas estão percebendo que atualmente eles estão no pior dos mundos. Eles [motoristas do Uber] estão funcionando legalmente do ponto de vista constitucional sem regulação nenhuma, sem limites no mercado", afirmou.

Biderman disse que está sendo estudada a melhor maneira de promover a venda dos créditos para as empresas de aplicativos.

A ideia da gestão Haddad é a regulamentação por meio da venda de créditos on-line. A empresa dona do aplicativo teria de comprá-los da prefeitura para poder rodar na cidade com seus motoristas -assim, a gestão teria informações estratégicas sobre as viagens e estabeleceria um limite de carros nas ruas.

A ideia é criar um sistema em que o motorista circule e a cobrança seja feita posteriormente, após o cálculo da quilometragem percorrida. Não se sabe ainda quanto custaria cada km rodado.

Como funciona o Uber

BARRACO

A terceira audiência sobre o projeto foi marcada por novos bate-bocas entre vereadores favoráveis e contrários ao Uber. As galerias da casa ficaram lotadas de taxistas e de motoristas por aplicativos.

Fernando Holiday, integrante do MBL (Movimento Brasil Livre) e defensor do Uber, criticou o vereador Adilson Amadeu (PTB), que defende os taxistas.

"O senhor é uma vergonha", disse Holiday. Amadeu partiu para cima do jovem, mas foi segurado por colegas. Na primeira audiência, Amadeu ameaçou bater no diretor do Uber, Daniel Mangabeira.

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