Folha de S. Paulo


Brasil registra 153 mortes ligadas à gripe H1N1; 60% dos casos são em SP

O número de mortes no país relacionadas à gripe pelo vírus H1N1 cresceu 50% em uma semana e já chega a 153 casos.

Os dados são de novo boletim epidemiológico de influenza, divulgado nesta terça-feira (19) pelo Ministério da Saúde. Relatório anterior apontava 102 mortes já confirmadas.

O novo balanço, que abrange dados contabilizados até o dia 9 de abril, mostra que o vírus H1N1 responde por 91% das mortes por gripe registradas neste ano. De 167 casos, 153 são de pacientes que tiveram resultado positivo para o H1N1 em exames.

Na comparação entre os Estados, São Paulo concentra a maioria dos registros, com 91 mortes ao todo. Em seguida, estão Santa Catarina (10), Goiás (9), Rio de Janeiro (8), Rio Grande do Sul (6) e Minas Gerais (4), além de outros 12 Estados, com um a três casos cada.

O Ministério da Saúde diz que está monitorando os casos de H1N1 nestes locais em parceria com as secretarias de saúde.

CASOS GRAVES

Além das mortes, também cresceu o número de casos de SRAG (síndrome respiratória aguda grave) por gripe H1N1.

Ao todo, o país já registra 1.012 casos de síndrome respiratória grave por H1N1. Balanço anterior, com dados até o dia 2 de abril, mostrava 686 casos.

Os dados são contabilizados a partir da internação de pacientes na rede de saúde. O quadro é caracterizado por febre, tosse ou dor de garganta e, principalmente, pela dificuldade para respirar –sinais que indicam a possibilidade de agravamento dos sintomas.

São Paulo tem a maioria dos registros, ou 715 dos 1.012 casos. Também há casos em outros 18 Estados. Os principais são Santa Catarina (86), Paraná (32), Goiás (29) e Distrito Federal (26).

Para o diretor do departamento de doenças transmissíveis do ministério, Cláudio Maierovitch, o aumento registrado nas últimas semanas segue a tendência do início de epidemias de gripe. "Quando o vírus começa a circular com mais intensidade, há um período de grande velocidade de propagação. O que significa que durante algumas semanas há grande número de casos", explica.

"Isso confirma que em São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, essa estação de gripe já chegou", completa.

Segundo o Ministério da Saúde, o monitoramento apenas das mortes e internações ocorre devido à impossibilidade de registrar todos os casos de gripe no país.

H1N1

VACINAÇÃO

Neste ano, os casos ligados ao H1N1 ocorrem fora do período esperado para o aumento de casos de gripe, previsto geralmente para o fim de abril e início de maio, com a chegada do inverno.

Embora o número de casos graves e mortes pelo vírus já seja maior do que o registrado em todo o ano passado, ainda não há informações sobre se esse possível aumento deve ultrapassar outros períodos de maior preocupação com a gripe. Em todo o ano de 2013, por exemplo, foram 3.733 casos de síndrome aguda respiratória grave e 768 mortes relacionados ao H1N1, a maioria no Sul e Sudeste.

"É difícil fazer qualquer previsão. Depende tanto do clima quanto da velocidade de circulação do vírus", afirma Maierovitch.

Segundo ele, a intensidade de circulação do vírus neste ano é parecida com o registrado em 2013, "quando tivemos uma epidemia importante". "É uma situação preocupante e profissionais de saúde têm que estar alertas e as pessoas tomarem medidas de prevenção."

A preocupação com o registro de casos fora de época neste ano fez com que alguns Estados antecipassem a vacinação contra a gripe para parte do público-alvo, a partir do recebimento das doses.

Já a campanha nacional de vacinação está marcada para ocorrer entre os dias 30 de abril e 20 de maio. A vacina é ofertada para gestantes, idosos, mulheres que deram à luz há pouco tempo, crianças entre seis meses a cinco anos, profissionais de saúde, presos e funcionários do sistema prisional e pessoas com doenças crônicas.

Além do H1N1, a vacina protege contra outros dois subtipos de vírus da gripe: o H3N2 e o influenza B.


Endereço da página:

Links no texto: