Folha de S. Paulo


Sem previsão de aumento, professores de SP entram em 'estado de greve'

Diego Padgurschi/Folhapress
Confusão em manifestação de professores estaduais de SP e estudantes na praça Roosevelt contra política educacional do governo Alckmin
Confusão em manifestação de professores estaduais de SP e estudantes na praça Roosevelt

Uma assembleia dos professores da rede estadual de São Paulo ligados à Apeoesp, principal sindicato da categoria, terminou em confusão. O tumulto começou assim que estudantes secundaristas tomaram o microfone dos sindicalistas –logo após a deliberação da categoria pelo estado de greve.

Na confusão, uma estudante tomou um chute no rosto de um dos seguranças da Apeoesp. Os estudantes atiraram garrafas de plástico e outro segurança também foi agredido com um soco. Ninguém ficou gravemente ferido. O ato ocorreu na tarde desta sexta-feira (8) na praça Roosevelt, no centro da capital paulista. Cerca de 5.000 professores participaram, segundo os organizadores.

Um grupo de cerca de 50 estudantes, a maioria participante do movimento de ocupações das escolas em 2015, compareceu à assembleia. Durante as falas, eles entoaram cantos contra o sindicato e também contra o governo federal.

A Apeoesp decidiu por votação pelo início de estado de greve e marcou para o dia 29 uma nova assembleia para, então, votar pelo início ou não de uma paralisação da categoria. O estado de greve indica que os trabalhadores podem entrar em greve a qualquer momento.

Os docentes reivindicam um reajuste de 16,6% no salário para recompor a perda da inflação desde 2014, ano em que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) concedeu o último aumento para a categoria. O secretário de Educação, José Renato Nalini, já indicou que um reajuste neste ano dependeria da melhora da economia. No mês passado, o governo tentou reverter o valor que seria pago com a bonificação por desempenho em um reajuste de 2,5%, mas recuou quatro dias depois.

No fim da assembleia, uma estudante foi autorizada a subir no caminhão do sindicato para se posicionar. Lá de cima, ela jogou o microfone para o grupo de estudantes que estava ao lado veículo. Os estudantes gritaram em grupo contra o sindicato, classificando-o de "pelego" e "burguês".

Representantes do sindicato desligaram o áudio e a confusão começou quando os estudantes foram para cima do caminhão. Houve empurra-empurra, gritaria e pequenas agressões.

"A Apeoesp é o aparato da burguesia do PT, os estudantes é que são a base do ensino público", defendeu João Vitor, 17, que se formou no ensino médio no ano passado na escola estadual Fernão Dias. "Os professores que apoiaram as ocupações eram da oposição da Apeoesp".

A presidente da Apeoesp, Maria Izabel Noronha, a Bebel, afirmou que os estudantes incitaram a violência. "Essa foi uma assembleia dos professores, não chamamos os estudantes", diz. "A luta só da certo se é conjunta, eu nunca fui tentar deslegitimar a luta deles".

Bebel disse que o sindicato fará um trabalho de mobilização nas escolas para construir um movimento de greve. No ano passado, o sindicato puxou uma paralisação de 89 dias, mas o governo não concedeu reajuste.


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