Folha de S. Paulo


Casa Branca critica Congresso dos EUA por não aprovar verba contra zika

O governo dos Estados Unidos vai redirecionar quase US$ 600 milhões de seu programa contra o vírus do ebola para a campanha de combate ao zika.

A medida é uma solução temporária, segundo a Casa Branca, enquanto o Congresso americano não aprova a verba de emergência de US$ 1,9 bilhão pedida pelo presidente Barack Obama no início do ano para ações de prevenção contra o vírus da zika.

Gary Cameron/Reuters
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta terça (5) que sonegação fiscal é problema global
O presidente dos EUA, Barack Obama. Diretor da Casa Branca criticou o Congresso local

A maior parte do dinheiro será destinada ao esforços científicos para desenvolver tratamentos, diagnósticos e uma vacina contra o vírus da zika, comandados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), principal agência de saúde pública dos EUA.

Em meio ao alto grau de polarização que vive o país, agravado pela atual campanha presidencial, a oposição republicana que controla o Congresso americano tem resistido a aprovar a verba emergencial pedida por Obama contra o zika, alegando que recursos de outros programas deveriam ser redirecionados.

"Não devemos brincar com fogo", disse Shaun Donovan, diretor de Administração e Orçamento da Casa Branca. "Não podemos correr o risco de ter um surto fora de controle antes que o Congresso aja".

Editoria de Arte/Folhapress
Clique na foto e veja o especial sobre o vírus da zika e microcefalia
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Em uma conferência na semana passada, autoridades de saúde dos EUA reconheceram que não estão preparadas para o combate ao vírus da zika nos próximos meses, quando as temperaturas no país subirão e crescerá potencialmente o risco de propagação dos mosquitos transmissores.

De acordo com a secretária de Saúde e Serviços Humanos, Sylvia Mathews Burwell, a situação é "urgente" e o Congresso deve agir o quanto antes. Ela afirmou que há 672 casos confirmados de zika nos EUA e seus territórios, como Porto Rico, entre eles 64 mulheres grávidas.

Embora o governo americano afirme que os recursos disponíveis contra o ebola ainda são necessários, inclusive para cumprir a promessa de ajuda a países da África afetados, a decisão de usar parte dele contra o zika reflete a crescente mobilização da Casa Branca contra o vírus.

"Enfrentamos dois desafios globais de saúde, não temos a opção de deixar um de lado em favor do outro", disse Burwell.

A preocupação das autoridades americanas com o risco de propagação do zika nos EUA aumentou com o anúncio feito na semana passada pela OMS (Organização Mundial da Saúde), afirmando que há consenso entre os cientistas sobre a ligação entre o vírus e os casos de bebês com microcefalia.

"A preocupação é muito grande", admitiu Burwell. Ela ressaltou, contudo, que a orientação do governo para que sejam evitadas viagens ao Brasil e outros países assolados pelo vírus se limita a mulheres grávidas.

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