"E para ler, o que tem?" Após apresentarem as pautas do dia, não era raro os editores ouvirem essa pergunta do jornalista Sandro Vaia, ex-diretor de Redação do jornal "O Estado de S. Paulo".
Perfeccionista, pedia mais do que a informação correta, queria que as edições tivessem textos bem escritos, com estilo e qualidade. Quando não identificava uma reportagem com essas características, cobrava. "Para ele, o leitor merecia um 'afago'", lembra o amigo e jornalista Roberto Godoy, 63.
Vaia dirigiu o "Estadão" de 2000 a 2006. Sua trajetória no Grupo Estado, no entanto, começou bem antes, em dezembro de 1965, como repórter do extinto "Jornal da Tarde".
Afastou-se da empresa por breve período no início da década de 80, mas voltou após quatro anos para dirigir a Agência Estado.
Dono de uma escrita elegante, destacava-se por seu bom humor. Sob seu comando, o jornal recebeu o prêmio Esso pela Primeira Página sobre o pentacampeonato da seleção brasileira de futebol. "O maior campeão do mundo", dizia a manchete. Simples, direta e sem nenhuma referência ao prefixo "penta", que lhe soava mal.
Nascido em Mantova, na Itália, morou no Peru e na Bolívia antes de a família vir para o Brasil e se fixar em Jundiaí, município do interior de São Paulo. Nunca se naturalizou, diz sua mulher Vera Lúcia Saccomani Vaia, 64, com quem foi casado por 43 anos.
Os dois se conheceram em Jundiaí, onde Vaia costumava jogar futebol com um primo de Vera.
Desde que deixou o "Estadão", há quase 10 anos, dedicava-se às plataformas digitais. Colaborava, por exemplo, com o "blog do Noblat". Escreveu também o livro "A ilha roubada - Yoani, a blogueira que abalou Cuba",
pela editora Barcarolla.
Vaia estava internado no Hospital 9 de Julho, em São Paulo, desde o início de março, quando foi submetido a uma cirurgia. Tinha câncer de pâncreas. Morreu neste sábado (2), aos 72 anos, deixando Vera, a filha, Giuliana, e a neta, Ana Luiza.
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