Folha de S. Paulo


Pessoas com deficiência viram atração de feira erótica

Fernando Moraes/Folhapress
A modelo Haome Thinar, que é amputada, na Erotika Fair
A modelo Haome Thinar, que é amputada, na Erotika Fair

Uma maneira inusitada e apimentada de promover inclusão teve início nesta sexta (1º) em São Paulo. Pessoas com deficiência estão recepcionando o público e participando de performances sensuais em uma feira voltada ao erotismo, em um centro de eventos na zona norte.

A iniciativa visa tanto mostrar que esse público tem vida sexual e busca por realização de prazeres igual a qualquer pessoa como também pretende mostrar que é possível empregar cadeirantes, amputados, surdos, cegos, entre outros, em qualquer atividade de trabalho, inclusive o voltado ao sexo.

"A melhor maneira de se quebrar o preconceito é levando informação ao público. A sociedade tem que saber que há sensualidade e erotismo também na pessoa com deficiência e é direito dela exercer isso", afirma o administrador e idealizador da feira, Evaldo Shiroma.

BALA NO FAROL

Duas empreendedoras, Kica de Castro e Selma Rodeguero, foram responsáveis por arregimentar e preparar os modelos que desfilam e se apresentam na feira. "Não dá mais para pensar que pessoa com deficiência só vai estar vendendo bala no farol ou só em clínica de reabilitação. Queremos estar em todos os lugares, nos motéis, nas feiras e em todo lugar", diz Selma, que é cadeirante e dona da agência Thea.

Segundo Kika, quanto mais seus modelos e recepcionistas chamarem a atenção, melhor. "Trabalhamos com inclusão em qualquer área. Pessoa com deficiência pode estar na passarela, fazer publicidade, vender um produto. Chega de ficar com medo das diferenças, de querer ser politicamente correto ficando quieto, sem interação."

No evento também há estandes de fotografias sensuais voltadas à exploração da diversidade, de filmes eróticos protagonizados por pessoas com deficiência e produtos sensuais voltados ao público acima do peso ideal. Até uma rede social voltada a quem busca por sexo, a sexlog, resolveu ficar atenta à inclusão. Pelo menos 1.300 usuários declaram ter algum tipo de deficiência.

"Celebramos a sensualidade e isso não tem nada a ver com perfeição de corpos. Nossa plataforma permite que qualquer um entre e manifeste seu jeito de ser livremente", diz Mayumi Sato, diretora de marketing da rede.

Mais informações sobre a feira erótica, que vai até este domingo (3), podem ser encontradas no site do evento: erotikafair.com.br.


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