Folha de S. Paulo


No Rio, moradores voltam a protestar contra morte do menino Ryan

Manifestantes fecharam pelo segundo dia consecutivo a avenida Edgar Romero, em Madureira, zona norte do Rio. O protesto, na tarde desta terça-feira (29), se dá em razão da morte do menino Ryan Gabriel, 4, morto no domingo de Páscoa.

Ele brincava em frente à casa dos avós quando foi atingido por um tiro no peito. Traficantes de drogas de facções rivais que dominam morros da região trocavam tiros no momento em que o garoto foi baleado.

Em 48 horas, três pessoas morreram e quatro ficaram feridas em disputas de traficantes pelo controle da venda de drogas na zona norte.

Na segunda, após a confirmação da morte do menor, que chegou a ser socorrido ao hospital, ocorreu um protesto violento no bairro. Moradores do morro do Cajueiro saíram em passeata pelo bairro.

Um outro grupo chegou a depredar duas estações do BRT (corredor exclusivo de ônibus). Uma das estações foi incendiada, assim como dois ônibus.

Uma ONG colocou cartazes contra a morte menino.

Divulgação
ONG Rio de Paz faz protesto contra a morte do menino Ryan, no Rio
ONG Rio de Paz faz protesto contra a morte do menino Ryan, no Rio

ENTERRO

Ainda não há registro de violência no protesto da tarde desta terça-feira (29). O corpo do menino Ryan foi enterrado ainda na tarde no Cemitério de Irajá. Parentes e amigos levaram cartazes de protesto contra a violência na cidade.

Em crise financeira, o Estado do Rio vive momento de recrudescimento da violência e da insegurança. O problema aumenta com o descontentamento da Polícia Militar, que recebe salários no 10º dia útil de cada mês.

Cresce quando o Estado deixa de lado programas que concediam gratificação extra a policiais que fizessem os chamados "bicos oficiais".

A situação reduziu o patrulhamento na região de Madureira para pouco mais de cem PMs por dia, numa área habitada por 530 mil pessoas, segundo o IBGE, divididas em 17 bairros.

O Parque Madureira, parque público inaugurado pela Prefeitura do Rio em 2012, é um dos três espaços em que o público poderá acompanhar gratuitamente por um telão as competições das Olimpíadas no Rio, a serem realizadas em agosto deste ano.

À despeito disso, a segurança, de responsabilidade do governo do Estado, tem piorado. Desde domingo dois "bondes" (comboios) de traficantes passaram pelo bairro. Um seguiu para Cascadura, no Morro do Fubá e outro foi para o Cajueiro.

Segundo policiais do 9º BPM (Rocha Miranda), eram traficantes ligados ao Terceiro Comando invadindo a comunidade do Cajueiro, de criminosos do Comando Vermelho.

Segundo moradores, já é rotina. "É uma constante, entre quatro e cinco da tarde em Madureira está tendo tiro. Eles passam atirando, não querem saber, à luz do dia mesmo", diz um morador que pediu para não ser identificado.

Procurados na segunda para comentar as mortes na região, a Secretaria Estadual de Segurança e o secretário José Mariano Beltrame não se pronunciaram.


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