As fortes chuvas que atingiram as cidades do litoral paulista até a madrugadas desta segunda-feira (29) causaram duas mortes em São Sebastião e interditaram a rodovia Rio-Santos. Na Baixada Santista, houve deslizamento de terra e desabamento de casa.
São Sebastião, no litoral norte, foi uma das cidades mais atingidas, com vários pontos de alagamento, quedas de árvores e barreiras e falta de energia –postes e fios de alta tensão foram danificados com os fortes ventos.
Pelo menos 20 pessoas estão desalojadas e foram encaminhadas para casas de amigos e familiares. A rodovia Rio-Santos foi interditada nos dois sentidos a partir das 4h, na altura de Boiçucanga. Foi liberada por volta das 11h40 e voltou a ser interditada às 12h30 para conserto de postes de alta tensão. Segundo a Defesa Civil de São Sebastião, a pista foi liberada totalmente por volta das 17h.
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| Parte da ponte que liga Barra do Una a Juqueí, no litoral paulista, é destruída após cheia do rio |
Segundo a Defesa Civil, Carla Fonseca dos Santos, 33, e o marido Lindomar Santana de Souza, 36, morreram soterrados na casa onde residiam com os dois filhos –um de seis e outro de dez anos. As crianças ficaram feridas, mas não correm risco de morte.
Eles moravam na Vila Tropicanga, uma área de risco em Boiçucanga, onde há encostas e algumas construções irregulares. O muro de contenção, construído no imóvel para evitar os deslizamentos, não suportou a força da enxurrada e caiu sobre a casa onde a família dormia por volta das 3h15, de acordo com a Defesa Civil.
COMUNIDADE ISOLADA
Em Camburi, também em São Sebastião, bombeiros e a Defesa Civil resgataram de barcos 15 pessoas que estavam ilhadas na comunidade Lobo-Guará. Eles foram levados ao ginásio municipal de Boiçucanga.
Com as chuvas, a água subiu à altura da cintura e o local perdeu temporariamente o acesso por terra.
Segundo os bombeiros, há uma pessoa desaparecida e cerca de 60 moradores de Lobo-Guará preferiram continuar na comunidade e esperar a situação voltar ao normal.
Chefe da Defesa Civil de São Sebastião, Carlos Eduardo dos Santos disse que em poucas horas choveu o esperado para três meses na região. Segundo ele, entre a noite de domingo e a manhã desta segunda, foram cerca de 220 milímetros de chuva.
As chuvas também causaram a queda de uma ponte de madeira em Barra do Una. Um veículo que passava pelo local caiu no rio, mas o motorista conseguiu se salvar.
Com a queda de árvores e cabeamento de energia elétrica na pista, motoristas precisaram evitar a Rio-Santos e fazer o desvio por outras rodovias, como a Tamoios, o que chega a triplicar o percurso.
| Cecilia Rossato/Leitora | ||
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| Rio enche e leva parte da ponte que liga Barra do Una a Juqueí, no litoral norte de São Paulo |
Equipes da área da saúde, como o Samu, tiveram de permanecer no posto de trabalho, já que outros funcionários não conseguiram chegar para a troca de plantão. Muitas unidades básicas de saúde foram atingidas pelas chuvas e, por isso, não abriram nesta segunda.
Também houve reflexo no setor público e no comércio, já que muitas pessoas não conseguiram chegar ao destino por causa dos deslizamentos e de enchentes, que também atingiram residências.
BAIXADA SANTISTA
Na Baixada Santista, ruas ficaram alagadas com as chuvas. Houve deslizamentos e registro de feridos.
Mongaguá foi uma das cidades mais afetadas. Uma mulher de 57 anos que se feriu em um deslizamento encontra-se em estado estável e foi encaminhada para o Hospital Adoniran Corrêa Campos, no centro, para uma avaliação das fraturas no ombro.
Seis moradores de uma casa tomada pela água tiveram de ir para um abrigo provisório, além de outros dois moradores do município, também afetados por enchentes, segundo a prefeitura.
Em Santos, município que está em estado de atenção, houve queda de um muro no morro do José Menino e deslizamentos de terra no morro Santa Maria.
A chegada à cidade pela via Anchieta teve tráfego lento pela manhã, devido a alagamentos na avenida Nossa Senhora de Fátima. Segundo a Ecovias, a situação já foi normalizada.
Em Guarujá, também estado de atenção, o viaduto Floriberto Mariano, no centro, está parcialmente interditado devido à queda de uma árvore.
Seis casas foram interditadas preventivamente –três na Enseada e três no Cachoeira. Os moradores optaram por ficar em casas de parentes.
Outra cidade em estado de atenção, São Vicente teve deslizamentos no morro do Itararé, sem feridos, e interdição parcial da lateral de um edifício na rua Padre Anchieta, no centro.
A operação do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) foi interrompida devido às chuvas e à maré alta. Segundo a EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), galhos de árvores e terra bloquearam a entrada do túnel do José Menino, em Santos. Já a região do Itararé, em São Vicente, teve vários trechos alagados.
"A entrada do túnel já foi desbloqueada, porém, os trilhos na região do Itararé ainda não estão totalmente desobstruídos. A EMTU e o Consórcio BR Mobilidade trabalham para que a circulação seja normalizada o mais rápido possível", diz a assessoria.