Folha de S. Paulo


Projeto espalha mapas com pontos de interesse nos bairros paulistanos

Quando estudava design na USP, Lucas Neumann, 24, fez uma viagem para Londres. De lá, voltou inspirado.

Na capital britânica, notou que o pedestre tem à disposição totens de informação bastante úteis, destacando onde ele está e pontos de interesse em um raio de cinco ou 15 minutos de caminhada.

Em São Paulo, no entanto, não havia nada similar em termos de sinalização pública. Foi assim que surgiu o seu Mapa Daqui, projeto que desenvolveu como trabalho de conclusão de curso na universidade no ano passado, com a proposta de tornar a cidade mais caminhável, saudável, segura, e interessante.

Karime Xavier/Folhapress
SÃO PAULO / SÃO PAULO / BRASIL - 14/01/2016 -15 :00h / Mapa Daqui, um mapa para pedestres que os interessados podem imprimir em casa e colar em postes (estilo lambe-lambe), as pessoas que passam pela região podem indicar pontos de interesse. O Lucas, criador.- ( Foto: Karime Xavier / Folhapress). ***EXCLUSIVO***COTIDIANO
Lucas Neumann, 24, ao lado de mapa do Mapa Daqui; usuários podem imprimir em casa e colar em postes (estilo lambe-lambe)

Atualmente, o Mapa Daqui já ganhou vida própria. Basta passar em frente à estação de metrô Fradique Coutinho para comprovar. Lá está instalada, em um poste, uma placa de PVC com um mapa da região criado por Neumann. Com uma diferença significativa em relação ao projeto britânico: o mapa daqui funciona de modo completamente colaborativo.

São os próprios transeuntes que decidem o que vão colocar como pontos de interesse em uma lista ao lado do mapa local. Assim, podem indicar restaurantes, cafés, cinemas e outros programas disponíveis na região.
O Mapa Daqui é colaborativo também em fase anterior à de incluir sugestões locais.

Qualquer interessado pode entrar no site do projeto, indicar seu endereço e gerar um mapa local, que pode ser impresso em casa ou confeccionado em formatos mais resistentes, como em PVC –ao custo de R$ 25, em média, tem sido o mais bem-sucedido, segundo Neumann.

"Ele fica bem resistente, e dá uma cara mais oficial para o item de sinalização. É um serviço que as prefeituras deveriam fazer e não fizeram até agora", afirma à Folha o criador do projeto.

Em São Paulo, a SPTuris chegou a investir em um projeto de placas informando o sentido de pontos turísticos da cidade. "Mas isso tem um preço caríssimo e não é voltado para o planejamento urbano", pondera Neumann.

A situação dos pôsteres é "nebulosa" na cidade. Projetos artísticos são permitidos em postes, mas propaganda é proibida e precisa ser retirada. O Mapa Daqui não se encaixa em nenhuma dessas categorias. "Até aqui, não tive problemas com a prefeitura, mas muitas vezes os mapas são retirados pelas empresas de limpeza."

No começo, o próprio designer fazia missões para instalar as placas e lambe-lambes pela cidade. Agora, o projeto já está na casa de 1.000 downloads, e tem parcerias firmadas com estabelecimentos comerciais, que disponibilizam o Mapa Daqui em suas fachadas em troca de créditos no site oficial.

Se antes estava restrito à cidade de São Paulo, o projeto agora já foi exportado para 15 Estados, conta Neumann. "Só falta agora atingir a região Norte do país."


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