Folha de S. Paulo


Governo e prefeituras de Minas irão cobrar R$ 1,2 bi da Samarco por danos

O governo de Minas Gerais e as prefeituras das 35 cidades do Estado atingidas pela lama que vazou da barragem da Samarco irão cobrar ao menos R$ 1,2 bilhão em prejuízos materiais da mineradora e de suas controladoras, a Vale e a BHP Billiton.

O montante equivale aos danos causados às propriedades privadas urbanas e rurais que vão de Mariana, onde o reservatório ruiu, à divisa com o Espírito Santo, além de gastos que os municípios e o governo tiveram com a tragédia.

O cálculo não leva em conta os prejuízos no ES, que também teve cidades atingidas pela lama de rejeitos de minério e problemas como corte de abastecimento de água e interdição de praias.

Também não inclui as indenizações e compensações que a mineradora terá de pagar às vítimas, nem o plano de recuperação ambiental do rio Doce –cuja ação civil, no valor de R$ 20 bilhões, corre na Justiça Federal.

Apresentada em um relatório divulgado nesta quinta (4), a quantia deve ser incluída na ação da Justiça Federal ou em um possível acordo que a empresa tenta fazer com a União e os Estados afetados.

No último dia 21, o governo federal anunciou que criará uma fundação financiada pelas três mineradoras para recuperar a área destruída.

De acordo com o secretário de Desenvolvimento Regional de Minas, Tadeu Martins Leite, o valor a ser cobrado pelos prejuízos ainda pode ser maior que R$ 1,2 bilhão, porque esse é apenas um "relatório inicial".

Segundo ele, o levantamento chegou ao número de 320 mil pessoas atingidas em Minas Gerais, seja pela destruição de propriedades ou bens pessoais, seja por problemas como a interrupção do abastecimento de água.

Em nota, a Samarco disse que "desconhece o valor apresentado". "A Samarco vem dialogando com o Governo de Minas um acordo envolvendo União, Estado do Espírito Santo, dentre outros atores", diz o comunicado.

Já a Vale disse que "continua focada em alcançar rapidamente um acordo com as autoridades" e que acredita que o mecanismo "se mostrará mais benéfico aos interessados que a judicialização do pleito".

A BHP não quis comentar.

O rompimento da barragem da Samarco, em 5 de novembro, deixou 19 mortos e um rastro de destruição que atingiu o rio Doce e chegou ao litoral do Espírito Santo, a 600 km de distância.


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