Ferido na manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo, o estudante Gustavo Mascarenhas Camargos Silva, 19, recebeu neste sábado a visita do secretário municipal de Direitos Humanos Eduardo Suplicy.
De acordo com a mãe de Gustavo, a jurista e professora da PUC Ana Amélia Camargos, Suplicy convidou o estudante a participar de encontro entre o Ministério Público e o Movimento Passe Livre na própria segunda-feira.
Durante o encontro, Suplicy telefonou para o prefeito Fernando Haddad (PT) e o colocou em contato com o estudante.
Segundo Ana Amélia, Haddad explicou a posição da prefeitura em relação ao MPL: "Ele disse que a prefeitura já gasta muito para manter a gratuidade dos estudantes e dos idosos, portanto acha que o passe livre é inviável".
Arquivo Pessoal | ||
Gustavo Mascarenhas teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba |
De acordo com ela, Haddad também afirmou que todos têm o direito de livre manifestação, que não deve ser reprimido. E que Gustavo era um símbolo desta resistência.
Segundo com Ana Amélia, eles devem se encontrar com o secretário da Segurança Pública Alexandre de Moraes, na próxima terça-feira (18). A secretaria da Segurança, no entanto, não confirma a agenda de Moraes para a próxima semana.
Gustavo foi ferido durante manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na terça-feira (11). Ele teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba atirada pela Polícia Militar e precisou ser internado no Hospital Albert Einstein, onde passou por uma cirurgia de implante ósseo.
O estudante, recém-admitido na faculdade de arquitetura, corria o risco de perder o dedo. Após ser operado, no entanto, os médicos descartaram essa possibilidade.
O jovem estava acompanhado de cinco amigos da escola e conta que estava na praça do Ciclista quando percebeu um artefato caindo ao seu lado antes da explosão. "Estava longe do local em que a PM conversava com os manifestantes e de repente vi a explosão. Fiquei zonzo e quando vi meu dedo me surpreendi", afirma.
Ferido, Gustavo correu em direção à avenida Paulista "desorientado" em meio a fumaça das bombas de efeito moral. Ele ainda parou sob a marquise de um prédio onde foi socorrido por uma mulher que amarrou um pano em seu dedo.
A mãe do estudante diz que pretende processar o Estado.