Folha de S. Paulo


Dois dias após vazamento, Guarujá não tem mais nuvem de fumaça

Aloisio Mauricio/Fotoarena/Folhapress
Nuvem tóxica de incêndio em contêineres em terminal portuário em Guarujá (SP)
Nuvem tóxica em Guarujá (SP); a névoa se dissipou neste sábado (16), após o fim do incêndio

Após cerca de 37 horas de trabalho, os bombeiros conseguiram apagar, na madrugada deste sábado (16), o fogo que atingiu contêineres no terminal portuário da empresa Localfrio, em Guarujá, no litoral de São Paulo.

Segundo os bombeiros, equipes ainda trabalham no local para evitar novos focos de incêndio.

A nuvem de fumaça tóxica finalmente se dissipou em toda a região no final desta manhã. O sol e o calor que reapareceram após dias de chuva ajudaram a eliminar a névoa. A moradora do distrito de Vicente de Carvalho, Tatiana Monteiro, comemorou não ter mais que conviver com o cheiro incômodo. "Estou muito mais tranquila, nunca pensamos que vai acontecer perto de casa, mesmo com esse tráfego todo de navios e caminhões".

No início da manhã, a fumaça era bastante visível nos municípios de Santos e Guarujá. Devido à falta de visibilidade, a Capitania dos Portos de São Paulo chegou a fechar o tráfego marítimo no porto santista, reabrindo somente após às 11 horas, quando a situação melhorou.

No final da tarde deste sábado, os terminais de contêineres e de exportação de veículos voltaram a funcionar.

A população que vive próximo ao pátio da empresa, onde aconteceu o acidente, começou a voltar para casa já na sexta (15), seguindo recomendação da prefeitura.

O vazamento aconteceu na tarde de quinta. A substância dicloroisocianurato de sódio, que estava armazenada em formato granulado e em pequenos pacotes dentro de um contêiner da Localfrio, entrou em contato com a água, liberando grandes quantidades de fumaça tóxica, que provocaram fogo.

Vários moradores relataram irritação nos olhos e garganta e muita dor de cabeça. Na sexta-feira, por volta das 10h, a promotora de vendas Rosângela dos Santos, 52, chegou a se sentir mal quando passou em frente ao terminal da Localfrio, e só ficou melhor quando chegou a Santos.

Já a moradora Alice dos Santos Dias optou por proteger o rosto com uma máscara enquanto aguardava por um ônibus. "A rotina está normal, os ônibus estão passando, mas esse cheiro de piscina incomoda muito", disse.

O comércio ficou vazio no local. O vendedor Durval Estevão relatou ter tido "movimento zero" ao longo do dia. Na quinta, ele fechou o estabelecimento mais cedo e retirou a família da região.

Em uma Unidade de Pronto Atendimento próxima à rodoviária, mais de cinquenta pessoas aguardavam por uma consulta, e o período de espera ultrapassava uma hora.

A dona de casa Flávia dos Santos foi ao local porque estava com incômodos na garganta e no nariz, além de dores de cabeça. "Moro próximo e vim ver se não terei maiores problemas. A gente não sabe as substâncias envolvidas, fica apavorada".

Segundo especialistas, como a fumaça se dispersou ao ar livre, os potenciais danos à saúde são menores.

AUXÍLIO

De acordo com o gerente da agência da Cetesb em Santos, Enedir Rodrigues, uma unidade móvel da companhia foi enviada de São Paulo para auxiliar nos trabalhos de monitoramento da qualidade do ar.

Ele também disse que em análise visual preliminar não constatou anormalidades no estuário de Santos. No entanto, exames mais minuciosos serão feitos nos próximos dias para confirmar se há danos ambientais causados pela emissão da fumaça e o contato da mesma com a água.


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