Folha de S. Paulo


Estudante ferido na mão por bomba durante protesto vai processar Estado

Assista

O estudante Gustavo Mascarenhas Camargos Silva, 19, que teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba atirada pela Polícia Militar na terça-feira (12) durante manifestação contra o aumento da tarifa do transporte público na cidade de São Paulo, irá processar o Estado por danos morais.

Ele está internado no Hospital Albert Einstein desde a noite de terça e lá ficará até esta sexta (15). Os médicos terão que fazer um enxerto ósseo no dedo, já que o estilhaço que o atingiu "moeu" o osso original, conforme explicaram os médicos a ele e a seus familiares. O período de recuperação será de, no mínimo, 60 dias, e ainda não é possível dizer se Gustavo irá recuperar integralmente ou não as capacidades motoras de seu polegar.

O jovem é filho da jurista Ana Amélia Mascarenhas Camargos, professora de Direito da PUC e ex-presidente da Associação dos Advogados Trabalhistas de São Paulo. "Ele começaria seu curso na faculdade de arquitetura no início do mês que vem. Ele é destro, agora está com parte do polegar direito dilacerada. Tudo porque foi atingido por um artefato explosivo jogado no meio de uma multidão, sem ter feito nada", afirma a jurista. Ana Amélia disse que a ação judicial será ajuizada nos próximos dias.

Arquivo Pessoal
O estudante Gustavo Mascarenhas teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba
Gustavo Mascarenhas teve parte do polegar da mão direita dilacerado por um estilhaço de bomba

Gustavo contou como ocorreu o incidente. "Eu estava no meio de muitas pessoas, longe do local em que os policiais conversavam com manifestantes. Não tive chance de ver o que aconteceu. De repente, começou aquela correria. Eu ouvi um estrondo, um barulhão, ficou um zunido na minha cabeça. Fiquei tonto. Quando vi, meu dedo estava sangrando muito, e latejando"

"Saí andando meio atordoado, tinha muita gente correndo e gritando, e muito gás lacrimogêneo. Eu e outros manifestantes nos protegemos embaixo da marquise de um prédio. Como o gás estava muito forte, o porteiro deixou a gente entrar. Lá dentro, uma moça amarrou um pano no meu dedo, que nessa hora já doía muito e continuava sangrando", relata Gustavo, que também é sobrinho da historiadora e escritora Marcia Mascarenhas de Rezende Camargos, autora de mais de 30 livros e vencedora do Prêmio Jabuti pelo livro Monteiro Lobato: furacão na Botocúndia.

Segundo a mãe de Gustavo, após os ânimos esfriarem na região da Paulista, região central da cidade, ele foi andando até sua casa, nos Jardins, e de lá levado ao hospital, onde passou por cirurgia na madrugada desta quarta (13).

De acordo com o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes, em entrevista logo após o protesto, disse que não houve abuso da PM.


Endereço da página:

Links no texto: