Folha de S. Paulo


Com mais blocos, Carnaval de SP vai até o Campo de Marte

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Maior e mais espalhado, o Carnaval paulistano em 2016 abandona a modinha Vila Madalena e mira a Faria Lima, o Ibirapuera e espaços próximos ao Campo de Marte. São 360 blocos cadastrados na prefeitura este ano, ante 259 no ano passado. Do total de desfiles, 111 serão fora do centro expandido.

O abandono da Vila Madalena, com a retirada da av. Sumaré do circuito, tenta evitar muvucas como a da Copa e a do Carnaval passado, quando foliões chegaram a ser dispersados pela PM com bombas de gás. Só blocos pequenos poderão circular pelo bairro.

Os "megablocos", como os cariocas Bangalafumenga e Sargento Pimenta, vão para Santana (zona norte), onde se concentrarão na praça Heróis da FEB, ao lado do Campo de Marte. Outros grandes, como o Monobloco e o Bicho Maluco Beleza, de Alceu Valença, devem ir para o Ibirapuera, na av. Pedro Álvares Cabral.

"Vai ser melhor ir para Santana, com transporte fácil e melhor estrutura, do que ficar sufocado na Vila Madalena", diz César Pacci, 44, um dos organizadores do Bangalafumenga. Quando se apresentou em 2015, o bloco atraiu um mar de gente: 130 mil pessoas passaram pela região da Vila Madalena e de Pinheiros ao longo do dia.

Para o empresário Guilherme Pereira, 39, do Monobloco, "todo mundo merece ter Carnaval, não só a Vila Madalena". Será a primeira apresentação do grupo em São Paulo, com a expectativa de atrair 50 mil pessoas.

GRIFE

"Virou uma grife ter bloco na Vila Madalena", diz Jesus Russo, 55, um dos organizadores do bloco Volta Amélia, que continuará no bairro, mas "longe do quadrilátero da bagunça", entre as ruas Girassol, Wisard, Mourato Coelho e Purpurina. O bloco, diz ele, é "familiar", e deve atrair até 2.000 pessoas.

Sem a Vila no Carnaval, aumentará o número de blocos grandes na Faria Lima e no largo da Batata. Casa Comigo, que no ano passado lotou as ruas da Vila Beatriz (ao lado da Vila Madalena, na zona oeste) e Gambiarra (passou pela Sumaré em 2015), por exemplo, farão o trajeto lá.

Segundo o secretário municipal de Cultura, Nabil Bonduki, o objetivo é "evitar uma superocupação na região da Vila Madalena e oferecer alternativas nas regiões mais periféricas da cidade, onde o número de blocos é menor".

A descentralização da programação segue o rumo adotado pela Virada Cultural, outro grande evento da cidade. Em 2013, na gestão Juca Ferreira, a Virada excluiu a periferia. Após ondas de arrastões nos eventos subsequentes, porém, em 2015 a prefeitura enxugou a Virada no centro e instalou palcos na periferia. O evento ficou mais esvaziado e mais seguro.

Nabil diz que o Carnaval no Ibirapuera ainda está em análise -infraestrutura e conversas com associações de bairro serão levadas em conta. Cinco palcos da prefeitura receberão apresentações de blocos e programação com outros artistas. As estruturas ficarão no largo da Batata (único local a ter palco no ano passado), na Sé, na praça do Forró (zona leste), e em locais a serem definidos na zona norte e na zona sul.

BLOCOS SIMULTÂNEOS

Apesar de ter aumentado em número de blocos, o Carnaval de São Paulo diminuiu seu calendário: serão três semanas (de 29 de janeiro a 14 de fevereiro), e não cinco, como no ano passado.

Por isso, os grandes blocos se concentram em um só fim de semana, nos dias 30 e 31 de janeiro. Enquanto Bangalafumenga e Sargento Pimenta se apresentam em Santana no sábado (30), a Faria Lima receberá o Casa Comigo e, o Ibirapuera, o bloco Bicho Maluco Beleza.

No dia seguinte, Confraria do Pasmado e Gambiarra desfilam na Faria Lima e o Monobloco no Ibirapuera. Pacci, do Bangalafumenga, diz que a estratégia "vai gerar uma dispersão que vai proteger a cidade". Mas a mudança gera apreensão. "Como os blocos vão sair juntos, temos a expectativa de continuar com a mesma quantidade público de 2015 [30 mil pessoas], e não aumentar", diz Raphael Guedes, do Casa Comigo.

Para Rodrigo Bueno, do bloco Chega Mais, que se apresenta em Santana e deve pegar o rescaldo do Bangalafumenga, "São Paulo seguirá um movimento que se vê no Rio, com foliões à procura de blocos pequenos, aqueles que ninguém conhece."


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