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Dengue pré-verão atinge recorde no Estado de São Paulo

Luciano Claudino/Codigo19/Folhapress
Nebulização para combater Aedes aegypti em Bebedouro, interior de São Paulo
Nebulização para combater Aedes aegypti na cidade de Bebedouro, interior de São Paulo

Após um ano sem trégua nem nos meses mais frios e secos, os casos de dengue no Estado de São Paulo bateram recorde em novembro de 2015. Foram 13.295 notificações, maior número já registrado no mês desde 2000.

No total, entre julho e novembro, quando a epidemia costuma arrefecer, foram 45.923 notificações.

O número ainda é menor do que o total de 970 mil do ano, mas representa aumento substancial para o período. Historicamente, nos meses mais frios do ano são registrados casos residuais de dengue, com ocorrências que não passam de centenas.

De junho para julho, por exemplo, os registros caíram em torno de 85% nos últimos quatro anos. Em 2015, porém, a queda foi de 65%.

Municípios que sofreram com epidemias severas de dengue em 2015, como Campinas, Taubaté e Sorocaba, por exemplo, puxaram as estatísticas para cima no período previsto para alívio.

Ainda não estão disponíveis no relatório do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado os dados relativos ao mês de dezembro.

Infográfico: Casos de dengue em novembro

Segundo o Ministério da Saúde, o país registrou 1,58 milhão de casos "prováveis" de dengue em 2015 até a primeira semana de dezembro. Após uma queda em agosto, o número de registros voltou a subir no final do ano.

As razões para não haver trégua nas contaminações pela doença ainda não são totalmente claras para especialistas, que ainda estudam mudanças no comportamento e resistência do mosquito.

Mas algumas considerações são levantadas para o fenômeno, como a influência do clima -com distribuição irregular de chuvas e temperaturas mais elevadas-, somada à adaptação cada vez maior do mosquito às cidades e também à baixa imunidade da população a alguns sorotipos da dengue.

De acordo com o pesquisador e biólogo Paulo Roberto Urbinatti, do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da USP, é preciso cada vez mais cuidar da casa o ano todo.

"Praticamente não temos mais estações do ano muito definidas, e as condições propícias para a proliferação do mosquito estão na primavera, no verão, no outono e no inverno", diz.

Urbinatti afirma que o período de férias precisa ligar o alerta nas famílias. "Antes de viajar, é muito necessário vasculhar tudo."

Infográfico: Casos confirmados no Estado de SP - Em milhares

PICO

Mesmo com a alta incidência de notificações de dengue nos meses mais frios, o período ainda é um alento diante da época mais turbulenta de infestação, que vai de fevereiro a abril.

Mais de meio milhão de pessoas tiveram casos confirmados da doença no período em São Paulo.

Apenas em março, pico das ocorrências no ano, foram cerca de 225 mil casos.

Com vistas para o período mais crítico, diversas prefeituras paulistas estão criando, desde já, estruturas de monitoramento e de ações de controle para a dengue. Apenas na capital, a previsão é de que 200 mil pessoas sejam contaminadas.

Policiais militares de folga devem ajudar no combate ao Aedes aegypti.

"Ainda temos no Estado de São Paulo e na capital um volume enorme de pessoas que estão suscetíveis a pegar dengue", declara a infectologista Bianca Grassi de Miranda, do hospital Samaritano.

A médica alerta que a vacina que deverá estar disponível ao público a partir do segundo semestre não será uma solução imediata.

"São necessárias três doses para garantir a imunização, e ela não atinge todos os grupos sociais", diz.

Editoria de Arte/Folhapress
Clique e entenda tudo sobre o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue
Clique e entenda tudo sobre o Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue

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