Taxistas de São Paulo fecharam por cerca de 50 minutos o acesso ao aeroporto de Congonhas, na zona sul paulistana. Eles protestaram contra proposta do prefeito Fernando Haddad (PT) para regulamentar o aplicativo Uber na capital.
Durante a manhã, os taxistas bloquearam o viaduto do Chá, região central, em frente à sede da prefeitura. Houve confusão e uma equipe da TV Globo foi agredida.
Dentro do prédio, a gestão Haddad apresentava o projeto no qual os motoristas do Uber possam se regularizar mediante pagamento de valores flexíveis aos cofres municipais.
Por volta das 13h20, cerca de 150 taxistas deixaram a região central, passaram pela 23 de Maio em carreata até o aeroporto.
Em Congonhas, os taxistas bloquearam a entrada de carros ao aeroporto. Os profissionais chegaram a bater em alguns veículos no local, dizendo que se tratavam de carros do Uber. Policiais militares multaram táxis que estavam estacionados em lugares proibidos.
O empresário Ronaldo Camilo, 30, ficou cerca de uma hora esperando o pai buscá-lo no desembarque do aeroporto. Ele e outras cerca de cem pessoas se aglomeram no local sem ter como sair devido ao protesto dos taxistas.
"Eu já estou atrasado para o meu compromisso e isso vai piorar ainda mais. Meu pai disse que está chegando, mas não vai conseguir passar", afirmou Camilo.
O empresário, que acabou de chegar de viagem do Rio de Janeiro, disse que concorda em partes com a manifestação.
"Acho que eles estão certos por protestar contra o governo, mas errado contra o aplicativo. O governo deve dar incentivo a eles, mas o Uber não tem nada com isso", afirmou.
O acesso ao aeroporto, bloqueado pelos taxistas às 14h, foi reaberto por volta das 14h50.
PROJETO DE HADDAD
Conforme a Folha revelou, o prefeito de Fernando Haddad (PT) pretende enquadrar o Uber em um esquema nos quais os motoristas possam se regularizar mediante pagamento de valores flexíveis aos cofres municipais. Seu valor deve variar de acordo com quatro parâmetros: horário em que a viagem é feita, local de embarque, distância percorrida e compartilhamento do carro por dois ou mais usuários no trajeto.
O aceno da gestão Haddad é a segunda tentativa, em menos de três meses, de enquadrar esse tipo de serviço, que é alvo de protesto de taxistas. Em outubro, a prefeitura anunciou um novo sistema de táxis, inspirado no Uber, batizado de "Táxi Preto", que previa carros de alto padrão acionados por aplicativo.
O Uber, porém, disse não se enquadrar naquela proposta (que depende de alvarás concedidos pelo município, inicialmente limitados a 5.000) e seguiu operando de maneira clandestina. A prefeitura criou, então, um grupo de trabalho responsável pelo novo projeto, que receberá sugestões com a abertura da consulta pública.
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REGRAS PARA O UBER
Prefeitura de SP lança projeto para regulamentar aplicativos de transporte
Consulta pública 30 dias para receber sugestões, que serão analisadas por um grupo de trabalho
O QUE PREVÊ O motorista deverá pagar taxa flexível à prefeitura para cada viagem realizada. O valor será calculado com base em quatro fatores:
HORÁRIO DA VIAGEM Se no horário de pico, tende a ser mais caro; se de madrugada, tende a ser mais barato)
LOCAL DO INÍCIO DA VIAGEM Se no centro expandido, tende a ser mais caro; se fora dele, tende a ser mais barato
DISTÂNCIA PERCORRIDA Se menor, tende a ser mais caro; se maior, tende a ser mais barato
COMPARTILHAMENTO Se não for uma viagem compartilhada, tende a ser mais cara; se for compartilhada, tende a ser mais barata
O QUÊ A PREFEITURA DE SP PRETENDE
- diminuir o número de carros
- diminuir a poluição atmosférica
- otimizar a utilização da infraestrutura urbana