Folha de S. Paulo


Cantareira está próximo do limite para sair do volume morto

O Cantareira, principal sistema de abastecimento da Grande SP, está 0,7 ponto percentual abaixo do limítrofe para sair do volume morto (porção de água que fica abaixo do nível zero da represa e que é captada por meio de bombas). O sistema está há 18 meses nesse volume.

O nível do Cantareira avançou 0,2 ponto percentual em relação ao índice anterior e opera com 22,1% de capacidade, de acordo com boletim da Sabesp (empresa paulista de saneamento) divulgado nesta segunda-feira (28).

Para sair definitivamente do volume morto, o sistema precisa captar 6,9 bilhões de litros de água. Se as médias de vazões de entrada e saída do sistema se mantiverem, o reservatório deve sair até a próxima quarta-feira (30) do volume morto. A medição da Sabesp é feita diariamente e compreende um período de 24 horas: das 7h às 7h.

O sistema abastece 5,3 milhões de pessoas na zona norte e partes das zonas leste, oeste, central e sul da capital paulista –eram cerca de 9 milhões antes da crise da água. Essa diferença passou a ser atendida por outros sistemas.

Com as fortes chuvas em dezembro, o Cantareira já ultrapassou em mais de 8% o volume de água prevista para todo o mês. O reservatório já acumula 237,2 mm de água –previsão era de 219,4 mm. Nesse mesmo período em 2014, o sistema acumulava 143,5 mm de água –a previsão era de 220,9 mm.

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EMERGÊNCIA FIXA

O volume morto começou a ser idealizado em janeiro de 2014, quando o maior reservatório de SP perdia cada vez mais água, e as projeções apontavam que o Cantareira poderia pela primeira vez ficar abaixo de seu nível original de captação de água.

Era ano de eleição, e o governador Geraldo Alckmin (PSDB), então candidato à reeleição, nem cogitava um rodízio. O consumo se mantinha, as chuvas não vinham, e as represas só secavam.

As projeções se confirmaram e, desde o meio de julho do ano passado, o abastecimento ficou refém de bombas instaladas emergencialmente no fundo do Cantareira. As represas estavam tão baixas que as tubulações fixas de captação já não conseguiam sugar nenhuma gota (a água estava abaixo delas).

O uso do volume morto recebeu críticas de especialistas. Em especial, por dois motivos: risco ambiental ao secar quase que completamente as represas e falta de planejamento do governo aos primeiros sinais da estiagem. Para o governo, porém, o uso dessa "reserva técnica" foi a melhor opção para sobreviver nesse período sem a necessidade de cortes mais drásticos no fornecimento. O plano inicial seria usar essa água só por um curto período, mas a estiagem se prolongou e, só agora, um ano e meio depois, o equivalente ao volume morto deve ser recuperado.


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