Folha de S. Paulo


Samarco suspende pagamentos a funcionários e fornecedores

Com contas bloqueadas a pedido da Justiça de Mariana (MG), a mineradora Samarco suspendeu os pagamentos de funcionários e fornecedores, que estavam previstos para esta segunda (30).

Em comunicado divulgado nesta sexta (27), a empresa disse que não fará os pagamentos por conta de medidas que "não estão sob sua alçada" e pediu judicialmente o desbloqueio.

"A empresa informa que já solicitou a liberação ao juízo de Mariana e aguarda sua decisão para cumprir todos os seus compromissos financeiros", diz a nota.

Antonio Cruz/Agência Brasil
Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido pelo rompimento de duas barragens de rejeitos
Distrito de Bento Rodrigues, em Mariana (MG), atingido pelo rompimento de duas barragens de rejeitos

A disputa judicial começou na quarta (25), quando a Samarco descumpriu determinação judicial e "sumiu" com R$ 292 milhões, segundo o juiz Frederico Gonçalves. Ele havia decidido pelo bloqueio de R$ 300 milhões da empresa para reparação dos danos causados às vítimas do rompimento da barragem de rejeitos minerais, mas encontrou apenas R$ 8 milhões nas contas da companhia.

O magistrado decidiu bloquear R$ 292 milhões sob custódia do Banco Central, em forma de títulos de crédito, por exemplo, até completar os R$ 300 milhões iniciais.

A Samarco diz que, agora, suas contas estão bloqueadas. "Eles não podem fazer nenhuma movimentação financeira, por isso não podem pagar. Acabei de conversar com o Ricardo [Vescovi, diretor-presidente da Samarco] e ele me disse que vai tentar reverter isso já na segunda", afirmou o prefeito de Mariana, Duarte Júnior (PPS).

Desde então, a mineradora já faltou com um pagamento importante e ficou devendo quase R$ 300 milhões a um outro fundo de ajuda às vítimas, criado após acordo com os Ministérios Público estadual e federal. O prazo final para o depósito estava marcado para a quinta (26), mas a empresa pediu adiamento para 2 de dezembro -pelo atraso, ela será multada em R$ 1,2 milhão.

Quando pediu a prorrogação, a Samarco disse que precisava do desbloqueio de recursos para "saldar seus diversos compromissos que incluem o pagamento de funcionários, terceiros e o custeio dos esforços de reparação dos danos e medidas preventivas pelo rompimento da barragem".

Parte dos trabalhadores da empresa entra em férias coletivas do dia 30 até 4 de janeiro de 2016. O anúncio foi feito após a tragédia e atinge os empregados das unidades industriais de Germano, em Mariana, e de Ubu, em Anchieta (ES).

A reportagem procurou o sindicato Metabase de Mariana, que representa a categoria, mas não obteve retorno.

O rompimento da barragem da Samarco destruiu o subdistrito de Bento Rodrigues e tem 13 vítimas fatais, 11 delas já identificadas, além de oito desaparecidos.

Montagem sobre foto de Avener Prado/Folhapress/Avener Prado/Folhapress
Clique na imagem e veja o especial "O caminho da lama"
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