Folha de S. Paulo


Maior do mundo, BHP terá que reconstruir imagem após desastre em MG

Diante da tragédia com a barragem em Minas, a maior mineradora do mundo, a anglo-australiana BHP Billiton, dona de metade da Samarco, terá de reconstruir um discurso ambiental que vinha montando nos últimos anos.

"A falha na barragem definitivamente vai afetar a imagem da empresa, que tem, em termos gerais, uma reputação muito boa na temática ambiental", diz David Chambers, geofísico e presidente de uma ONG americana que estuda os impactos da mineração no meio ambiente.

Segundo Chambers, a relação que a gigante anglo-australiana tem com a Samarco é mais distante que a brasileira Vale, presidida por Murilo Ferreira e que controla a mineradora junto com a BHP.

"Suspeito que agora eles estejam lamentando essa falta de aproximação", afirma ele, que tem mais de 40 anos de experiência no tema.

Na semana passada, jornais europeus publicaram que a BHP cogita vender todos os negócios onde não tenha a maioria do controle.

Na Austrália (sede do conglomerado), as ações da empresa despencaram no mais baixo nível dos últimos sete anos depois da tragédia com a barragem em Mariana.

Clique na imagem e veja o especial
Clique na imagem e veja o especial "O caminho da lama"

Depois de ter ficado fora do índice Dow Jones de empresas sustentáveis no ano passado, a BHP Billiton tinha conseguido voltar neste ano.

A empresa (cada uma das palavras de seu nome representa grupos centenários que se uniram em 2001) vinha tentando, segundo analistas, melhorar uma imagem ambiental negativa associada ao setor de mineração.

A gigante anglo-australiana movimentou US$ 19,3 bilhões no ano fiscal de 2014/15 e investiu US$ 225 milhões em programas sociais.

Outros US$ 35 milhões foram aplicados, segundo relatório de sustentabilidade da empresa, em ações de preservação da biodiversidade.

Com operação em mais de dez países, e minas próprias na Austrália, no Chile e nos Estados Unidos, a BHP Billiton vinha também fazendo programas para baixar suas emissões de carbono, um dos principais vilões do aumento do efeito estufa no planeta.


Endereço da página:

Links no texto: