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'À medida em que o tempo passa, a esperança diminui', diz governador de MG

Ricardo Moraes/Reuters
Homens observam estragos provocados pela lama no distrito de Bento Rodrigues, na cidade histórica de Mariana (MG)
Homens observam estragos provocados pela lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana

O governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), afirmou neste domingo (8), em entrevista coletiva em Mariana (MG) que "com certeza os 13 desaparecidos [funcionários que trabalhavam nas barragens da mineradora Samarco ] dificilmente serão encontrados com vida, infelizmente".

Em relação às 15 pessoas não encontradas por familiares, ele disse é possível que sejam localizadas com vida em áreas isoladas, e que não queria "tirar a esperança de ninguém", mas que "na medida em que o tempo vai passando, a esperança vai diminuindo".

Ao contrário da declaração de Pimentel, o coronel Luiz Gualberto, do Corpo de Bombeiros de MG, afirmou que vai "trabalhar até o último momento com a possibilidade de vida" e que, por pelo menos uma semana, as buscas serão focadas em encontrar sobreviventes.

No momento, a operação de buscas conta com a ajuda de 58 bombeiros especializados em buscas em escombros, sete helicópteros, 13 viaturas e um cão farejador. 588 pessoas afetadas pelo acidente já foram encaminhadas à rede hoteleira, e Bombeiros e Defesa Civil trabalham para levar água e mantimentos a comunidades isoladas.

Os Bombeiros ainda atualizaram a informação sobre alama que avança em direção ao Espírito Santo : agora, a previsão é de que o material chegue no Estado apenas na terça-feira (10), e não na segunda (9), como foi divulgado anteriormente pelo Serviço Geológico do Brasil.

Editoria de Arte/Folhapress

SEM EVIDÊNCIA
Pimentel ainda afirmou que "não existe evidência sobre o que causou o rompimento das barragens".

Sobre a falta de um aviso sonoro para alertar a população do distrito de Bento Rodrigues (MG), ele disse que o alarme não é exigido por legislação. "Não sei se um alarme sonoro teria feito muita diferença nesse caso", disse. Em seguida, minimizou, afirmando que "é importante que haja sinalização sonora".

Na entrevista coletiva concedida neste domingo (8), Bombeiros e o governo de Minas Gerais recuaram na confirmação de que o segundo corpo encontrado no sábado (7), no rio Doce, estava ligado ao rompimento das duas barragens da mineradora Samarco, na última quinta-feira (5). Agora, os dados oficiais registram apenas um óbito ligado ao acidente.

No sábado (7), o Corpo de Bombeiros havia confirmado que o cadáver, de um homem ainda não identificado, havia sido localizado na barragem da hidrelétrica e que era vítima do incidente. No entanto, Bombeiros e governo estadual voltaram atrás e disseram que não era possível estabelecer uma ligação entre os fatos.

Nas buscas deste domingo (8), um terceiro cadáver foi avistado no rio Doce, mas ainda não foi resgatado. Segundo os Bombeiros, ambos os corpos estavam na área por onde a lama passou, o que não confirma a relação com o rompimento das barragens.

O corpo encontrado no sábado foi encaminhado ao necrotério de Mariana (MG) e vai passar por perícia para tentar identificar a causa da morte e se há algum parentesco com algum dos 28 desaparecidos.


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