Folha de S. Paulo


Não faz sentido ter cobrador em novo modelo de corredor, diz Haddad

Marlene Bergamo/Folhapress
Para o cobrador Julio Oliveira, a profissão é importante para ajudar motorista e passageiros
Para o cobrador Julio Oliveira, a profissão é importante para ajudar motorista e passageiros

O prefeito Fernando Haddad (PT) disse nesta sexta-feira (6) que a obrigatoriedade de cobradores nos coletivos atrapalha um sistema eficiente de cobrança antecipada nos futuros corredores de ônibus.

Nesse tipo de corredor, os chamados BRTs (em inglês, bus rapid transit), a cobrança é feita em pequenas estações, antes da entrada no ônibus.

"Nos BRTs [tipo corredor de ônibus com maior capacidade], onde há terminais, você tem o pré-embarque, então não faz sentido manter o cobrador dentro do ônibus. Nos outros lugares, faz", afirmou Haddad. "Como a gente está licitando muitos corredores, precisamos ter dentro desses corredores sistema de pré-embarque".

A Folha revelou nesta sexta-feira (6) que a gestão trava uma disputa na Justiça para derrubar a exigência de manter cobradores nos ônibus da capital paulista. A intenção da prefeitura é retirar esses profissionais gradativamente do sistema e economizar mais de R$ 1 bilhão em repasses que faz anualmente às empresas.

Infográfico: Raio-X do transporte em São Paulo

O secretário de Transportes, Jilmar Tatto, defende que a retirada dos cobradores seja gradual, sem demissões.

Haddad foi mais moderado que o secretário em sua declaração. "A gente tem abertura com o sindicato, já informamos oficialmente que nossa intenção é simplesmente garantir que os BRTs funcionem na maneira prevista nos editais", disse.

Questionado se garantiria a presença dos cobradores nos demais coletivos, ele disse: "Dos demais, nem conversamos, nem abrimos essa conversa".

Nesta sexta, o presidente do sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus de São Paulo, Valdevan Noventa, disse que pode fazer manifestações e até greves caso a prefeitura consiga barrar a obrigatoriedade de manter um cobrador dentro do ônibus.

Em maio deste ano, o mesmo sindicato fez uma paralisação que durou duas horas, fechou 29 terminais de ônibus e prejudicou cerca de 675 mil passageiros.

Para o presidente do sindicato, os cobradores não podem ser retirados do sistema porque, além de cobrar a tarifa dos passageiros que não têm crédito no Bilhete Único, eles também fazem um trabalho social dentro do coletivo. Na visão do representante da categoria, é inviável manter as linhas sem a ajuda dos cobradores, "que ajudam os idosos e deficientes, orientam os passageiros e evitam fraudes no uso dos bilhetes.

Infográfico: Funcionários do transporte


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