Folha de S. Paulo


Após confronto com GCM, ambulantes protestam contra saída do Brás

Zanone Fraissat/Folhapress
GCM observa manifestação de ambulantes na região do Brás, no centro de São Paulo
GCM observa manifestação de ambulantes na região do Brás, no centro de São Paulo

Um grupo de ambulantes protesta desde a madrugada desta quinta-feira (22) na região do Brás, no centro da cidade, contra a decisão da gestão Fernando Haddad (PT) de realocá-los em feiras.

Por volta das 3h30, os ambulantes foram impedidos pela GCM (Guarda Civil Metropolitana) de montar suas barracas no Brás. Parte deles chegou a entrar em confronto com os guardas entre as ruas Alexandrino Pedroso e Tiers e a avenida Vautier.

Um dos ambulantes disse que a GCM usou bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha durante o confronto. A Polícia Militar também foi acionada para ajudar na segurança da região. A prefeitura informou que "a GCM não possui equipamentos dispersivos, tais como bomba de gás lacrimogênio tampouco balas de borracha."

Os ambulantes afirmam que só querem um pedaço da rua para poder trabalhar. "Quando estamos próximos do Natal sempre acontece isso", disse um dos camelôs, que não quis se identificar.

Após o confronto, parte dos ambulantes chegou a impedir a abertura de algumas lojas da região. Às 11h, o clima já estava tranquilo e a maior parte dos lojistas já tinha conseguido abrir as portas.

Zanone Fraissat/Folhapress
Vendedor ambulante foi atingida por bala de borracha durante confronto com a GCM
Vendedor ambulante diz que foi atingido por bala de borracha durante confronto com a GCM

Comerciantes do Brás, que não quiseram se identificar por medo de represálias, disseram que houve um crescimento no número de ambulantes desde que Fernando Haddad (PT) assumiu a prefeitura. Segundo eles, com a diminuição do número de policiais e da fiscalização, houve o retorno dos camelôs, principalmente, de imigrantes haitianos, senegaleses e bolivianos, que estão há mais tempo.

A reclamação dos lojistas coincide com a redução de policiais da chamada Operação Delegada –o bico oficial voluntário pago pela prefeitura no qual PMs atuam no combate aos ilegais. A operação foi criada na gestão do prefeito anterior, Gilberto Kassab (PSD), que tinha como bandeira o combate ao comércio ilegal e à pirataria. Sob Haddad (PT), porém, houve um esvaziamento da ação.

Hoje, segundo a prefeitura, a Operação Delegada disponibiliza até 1.472 vagas para policiais militares e que a média de preenchimento, nos últimos cinco meses, é de 1.000 a 1.200 PMs.

A Prefeitura de São Paulo informou, em nota, que iniciou no dia 7 de outubro uma operação de controle do comércio ambulante irregular nas regiões do Pari, parque Dom Pedro, rua 25 de Março e arredores. A operação conta com apoio de 70 PMs, 160 GCMs e de 60 agentes de fiscalização das subprefeituras.

Segundo a gestão Haddad, cerca de 2.500 comerciantes estão autorizados a comercializar mercadorias na cidade. "Os ambulantes que não possuem Termo de Permissão de Uso, estão em locais inadequados ou vendem mercadorias sem origem comprovada têm os produtos e equipamentos recolhidos aos pátios das subprefeituras, onde permanecem lacrados para posterior destruição."


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