Folha de S. Paulo


'Fiquei soterrada por três horas', diz vítima de explosão em prédios no Rio

Veja vídeo

Em um fração de segundo, a comerciante Ana Keyla Magalhães de Araújo,38, viu o quarto onde dormia com o marido e a filha Beatriz, de 9 anos, ser completamente destruído.

Após a explosão, que danificou ao menos 40 imóveis em São Cristóvão (zona norte), ela só consegui pensar na menina que chorava e gritava por socorro. A princípio, a mãe não teve como fazer nada.

"Fiquei soterrada por três horas. Mas meu marido conseguiu sair dos escombros para ajudá-la. Toda a minha casa foi destruída", disse Ana Keyla à Folha, na entrada do hospital Souza Aguiar, no centro do Rio, para onde a família foi transferida. Todos estão bem. Só a menina ainda permanece internada, em observação.

Keyla e o marido, Valcir Galdino de Araújo, 47, são proprietários do restaurante Ipueiras, situado no número 40 da rua São Luiz Gonzaga, no bairro de São Cristóvão, na zona norte. Eles moravam no segundo andar, justamente em cima do restaurante da família. Ele também são os donos das 14 quitinetes concentradas em um mesmo imóvel e destruídas pela explosão.

A cama da menina Beatriz ficava no quarto do casal. Por acaso, nesta madrugada, ela dormia ao lado da pai. Por ficar acordada até tarde, a mãe não quis acordá-la e deitou na cama da filha. No instante da explosão, um armário e a parede caíram em cima de Ana Keyla. Já o impacto sobre Araújo e Beatriz foi menor. Mesmo assim, a filha acabou soterrada.

"Foi muita sorte. Se a Bia estivesse na cama onde dorme todas as noites poderia ter ocorrido algo pior", disse Ana Keyla. "Quando houve a explosão, fiquei com escombros até na altura do meu peito. Comecei a cavar e procurar pela Beatriz", lembrou o pai.

Ele se orientou pela voz da menina até identificar onde ela estava. Abriu um buraco para que Beatriz pudesse respirar e perguntou se ela estava bem. "Nesse momento, a Bia me disse uma frase que nunca vou esquecer: 'Papai, estou bem. Vai cuidar da mamãe porque ela precisa mais de você'", disse Araújo.

Após algum tempo, Ana Keyla perdeu a consciência. "Desmaiei com a falta de ar. Acordei somente com uma injeção dada pelos bombeiros. Estava muito difícil para respirar", contou a mãe da menina.

Refeita do susto, a menina Beatriz disse à Folha que estava preocupada porque iria perder as aulas desta segunda: "Como vou para a escola agora sem uniforme? Perdi tudo. Não sei se meu pai vai ter como comprar agora".

Ana Keyla teve uma luxação no braço direito e escoriações. Araújo teve somente cortes no pé. O casal recebeu alta ainda no início da manhã. Beatriz sofreu um pequeno corte na testa e deve permanecer em observação até as 17h.

Infográfico: Local da explosão


Endereço da página:

Links no texto: