Folha de S. Paulo


Após chuvas, SP quer manter a 'torneira aberta' no Cantareira

Após as chuvas recentes terem provocado um leve alívio nos reservatórios de água da Grande São Paulo, o governo do Estado recorreu às agências reguladoras para manter a "torneira" do sistema Cantareira aberta em novembro.

Atualmente, a Sabesp (estatal de água) pode retirar 13,5 mil litros de água por segundo do manancial para distribuí-los à população.

Em novembro, porém, segundo uma determinação dos órgãos reguladores, terá de reduzir esse volume para 10 mil litros de água por segundo.

Na prática, caso não seja revogada após recurso da Sabesp, essa redução significará um endurecimento no já forte racionamento de água em vigor na região metropolitana da capital paulista.

Milhares de pessoas já são vítimas dessa entrega controlada de água. Algumas famílias passam de 15 a 20 horas por dia com as torneiras secas.

Infográfico: Volume de água no Cantareira

Nesta sexta (9), em ofício ao DAEE (órgão regulador do Estado) e à ANA (Agência Nacional de Águas), o presidente da Sabesp, Jerson Kelman, pede a manutenção da retirada de 13,5 mil litros/segundo e traça um cenário preocupante.

O pedido de afrouxamento da regra, diz, tem como objetivo "evitar inevitáveis e graves transtornos" à população.

O Cantareira, que antes do agravamento da crise hídrica abastecia 9 milhões de pessoas e tinha uma retirada hoje inimaginável de 31 mil litros por segundo, hoje chega à casa de cerca de 5 milhões.

O sistema, o principal da Grande SP, está em situação crítica (12,8% de sua capacidade) e somente opera com a ajuda de bombas que captam água do fundo das represas, o chamado volume morto.

Mesmo assim, a situação do manancial neste momento é melhor do que há um ano.

No recurso aos órgãos reguladores, a Sabesp argumenta que a manutenção do atual volume retirado não comprometerá a recuperação do sistema, que ganhou um respiro recente com as chuvas acima da média de setembro.

Infográfico: Saldo das represas

Em maio, quando o Cantareira operava com 15% de sua capacidade e tinha todo um período seco pela frente, a ANA e o DAEE determinaram que a Sabesp fosse progressivamente reduzindo sua captação no reservatório, com o plano de chegar aos 10 mil litros/segundo até novembro.

Esse tempo era necessário para que a empresa pudesse realizar algumas obras.

A principal delas é a interligação por meio de adutoras entre os sistemas Rio Grande e Alto Tietê. Esse último agora tem maior refresco para empurrar parte de sua água para bairros das zonas norte e leste, originalmente atendidas pelo sistema Cantareira.

Editoria de Arte/Folhapress

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