Na madrugada do último domingo (4), a empregada doméstica Sandra Maria dos Santos Queiroz, 37, começou a sentir contrações.
Ela escondia dos patrões havia nove meses uma gravidez em roupas cada vez mais largas. Disse que tinha medo de ser demitida do trabalho conquistado cinco anos atrás, que também serve a ela e à filha de três anos como moradia, em um edifício de luxo, na rua Pernambuco, em Higienópolis (centro de SP).
As dores aumentaram e ela pensou em ir para a Santa Casa de Misericórdia, a poucos quarteirões, mas não deu tempo. O bebê nasceu às 2h30 no banheiro da suíte dos fundos.
Sandra disse que cortou e amarrou o cordão umbilical da recém-nascida. Limpou, vestiu e alimentou a menina –e a manteve escondida dentro do quarto até os empregadores saírem para almoçar.
No final do dia, com o iminente retorno dos patrões para casa, disse ter entrado em desespero. Colocou então a bebê em uma sacola e saiu pelas ruas do bairro.
Depositou a bolsa ao pé de uma árvore na rua Piauí, às 19h30. Disse ter parado mais adiante para observar, de longe, se a bebê seria resgatada e afirmou ter visto quando o zelador Francisco de Assis Marinho achou a recém-nascida.
Marinho, que passou pelo local atrasado para a missa das 19h30, encontrou a menina dez minutos após ela ter sido deixada no local. Com a chegada da PM, levou a bebê para a mesma Santa Casa de Misericórdia onde ela poderia ter nascido. A pequena permanece na ala pediátrica do hospital e deve ser encaminhada ao Conselho Tutelar.
CABEÇA BAIXA
Na segunda (5), Sandra se assustou com a repercussão do caso e as imagens de câmeras de segurança dos prédios que a mostravam colocando a bebê debaixo da árvore.
A partir da terça (6), disse ter passado a caminhar com a cabeça abaixada para evitar as câmeras dos edifícios.
"Foi justamente ao analisarmos as câmeras de segurança nos dias seguintes que percebemos uma mulher que abaixou a cabeça ao passar diante dela", disse o delegado-assistente Eduardo Luís Ferreira. "Ficamos esperando ela passar, no mesmo local e na mesma hora, e fizemos a prisão", contou.
Sandra foi presa às 15h30 desta quarta (7), quando levava a filha para a escola.
| Divulgação/PM |
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| Polícia acolhe bebê recém-nascido dentro de sacola em Higienópolis, no centro de São Paulo |
Mãe e filha foram encaminhadas para a delegacia, onde a doméstica, natural de Vitória da Conquista (BA) –cidade onde um segundo filho seu, de 17 anos, é criado pela avó– confessou o abandono da menina recém-nascida e relatou, com detalhes, a ocultação da gravidez, o parto no banheiro e o abandono.
Disse estar arrependida, mas sem condições de ficar com a recém-nascida.
Contou que a gravidez foi fruto de um relacionamento rápido com um rapaz que conheceu num forró e afirmou não saber se ele tem conhecimento da gestação.
Segundo o delegado, Sandra está muito abalada, responderá em liberdade pelo crime de abandono de menor e não deve ficar presa.
Sua patroa, que compareceu à delegacia com dois advogados, disse não ter notado a gravidez da funcionária.
De saída para o IML, com o rosto coberto, Sandra foi acuada por jornalistas e câmeras e acabou caindo. "Por que abandonou a criança?", gritaram. "Desespero", disse, com a voz embargada.