Folha de S. Paulo


Cidades paulistas se antecipam e usam 'tropa' e drone contra a dengue

Após a denúncia, a "força tática" da dengue entra em ação. Criadouros são procurados em locais inóspitos –sob viadutos, em linhas férreas e em córregos– para evitar uma nova epidemia.

A equipe, criada em Catanduva, uma das campeãs de casos no Estado neste ano, é só uma das estratégias de prefeituras paulistas para tentar coibir o avanço do exército de mosquitos Aedes aegypti.

Para isso, ações de combate foram antecipadas ou não sofreram interrupção em municípios como Campinas, Rio Claro e São José dos Campos, que também estão no ranking das cidades com maior transmissão da doença no ano.

Com previsão de um mês de outubro mais chuvoso que a média em certas regiões, campeãs de infestação apostam em políticas variadas.

Mapa da dengue

Em São José dos Campos, a prefeitura lançará a campanha contra a dengue nos próximos dias –em vez de deixar para dezembro– e utilizará um drone para monitorar áreas onde os agentes não conseguem chegar.

O equipamento já foi usado neste ano, mas terá o uso ampliado, assim como outras ações, que incluem multas para quem impedir a entrada de agentes nos imóveis, segundo o secretário da Saúde, Paulo Roitberg.

Em Catanduva, além das ações em locais críticos, casas fechadas são um dos alvos da prefeitura, informa a Secretaria da Saúde.

Já em Campinas, cidade líder de casos, a prefeitura elaborou pela primeira vez um plano de contingência.

"Tivemos um ano avassalador, um tsunami sobre todo o Estado, e temos um cenário preocupante para 2016. É muito melhor mantermos as ações, cuidar de pequenos incêndios, que são os casos que têm surgido agora, do que de um incêndio enorme", disse Carmino Antonio de Souza, secretário da Saúde.

As 15 cidades com mais casos da doença somam 303.556 confirmações autóctones (contraídas no próprio município), ou 51% dos 595.637 registros do Estado neste ano.

Embora não seja uma das campeãs (teve 2.077 casos), São Carlos é outra cidade que antecipou as ações preventivas, para esta sexta (2). Campo Limpo Paulista, com 344 casos, estuda recorrer ao Exército, como fez neste ano.

Infográfico: Total de casos autóctones em SP

CHUVA OU SECA

A expectativa é que outubro e o início da estação chuvosa sejam marcados por precipitação acima da média em algumas regiões do Estado.

"No norte e no nordeste, pode ficar um pouco mais seco", afirma a meteorologista Helena Turon Balbino, do Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia).

Se o excesso de chuva contribui para o mosquito se procriar, a seca pode levar ao armazenamento inadequado de água. Por isso, em Sumaré e em Marília a aposta é na distribuição de telas para proteger caixas-d'água e reservatórios sem tampa.

Sete das prefeituras ouvidas pela Folha relataram o armazenamento inadequado como um dos motivos para a epidemia de 2015: Guarulhos, São José dos Campos, São Paulo, Americana, Rio Claro, Sorocaba e Marília.

Para o infectologista Ivo Castelo Branco Coelho, coordenador do núcleo de medicina tropical da Universidade Federal do Ceará, as medidas tomadas pelas prefeituras são corretas, mas devem ser ininterruptas.

"Devem sempre ser mantidas, tendo ou não casos da doença. Se feitas por cinco ou dez anos, teremos um controle maior da doença", afirma.

A Sucen (Superintendência de Controle de Endemias), do governo estadual, contratou 500 agentes neste ano, que podem atuar em qualquer lugar que registre alta incidência da doença.

Wagner Rodrigues - 25.mar.2015/Folhapress
Agentes da Prefeitura de São Paulo dedetizam casas e possíveis focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da dengue
Agentes da Prefeitura de São Paulo dedetizam casas e possíveis focos do mosquito Aedes aegypti

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