Folha de S. Paulo


Ônibus são apedrejados após morte de morador da Providência, no Rio

No início da manhã desta quarta-feira (30) oito ônibus da Viação São Silvestre foram apedrejados em uma garagem próximo ao morro da Providência, no centro do Rio. A depredação ocorreu em mais um protesto pela morte de Eduardo Felipe Santos Victor, 17, morto em ação policial na favela.

Em um vídeo divulgado em redes sociais, cinco policiais são flagrados forjando um tiroteio no exato local onde estava o corpo de Victor.

Nas imagens, é possível ver policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Providência ao redor do corpo imóvel e ensaguentado de Victor no chão. Um policial faz um disparo para o alto. Momentos depois, outro coloca uma pistola junto à mão de Victor e faz dois disparos.

A intenção dos policiais, segundo os investigadores, é fraudar o exame residuográfico que iria constatar a presença de pólvora nas mãos de Victor. Um volume de pólvora maior é encontrado nas mãos de quem faz o disparo.

Assista ao vídeo

"Está claro que existiu uma fraude processual. Diante dessa situação, vamos analisar a possibilidade de execução e não mais homicídio decorrente de intervenção policial", afirmou o delegado Rivaldo Barbosa, da Delegacia de Homicídios.

Em um primeiro depoimento, antes do vídeo ser veiculado, os policiais afirmaram que Victor morreu durante um tiroteio com a polícia. Ainda segundo relato dos agentes, com Victor teria sido apreendida uma pistola, um rádio transmissor e munições.

Os policiais que participaram da ação foram identificados como Éder Ricardo de Siqueira, Gabriel Julião Floriado, Riquelme de Paulo Geraldo, Paulo Roberto da Silva e Pedro Vítor da Silva e se encontram presos no Batalhão Especial Prisional da Polícia Militar. Os cinco foram presos em flagrante após serem indiciados por fraude processual.

O advogado que defende quatro dos cinco policiais, Felipe Simão, afirmou que os policiais não tiveram o intuito de forjar o tiroteio.

"A arma estava travada e eles resolveram fazer os disparos para transportar a arma com segurança. No momento, eles cometeram aquele equívoco de aproximar a arma na mão da vítima. Mas não tiveram a intenção de modificar a cena do crime", afirmou.

Na noite desta terça (29), um protesto contra a ação da polícia deixou um manifestante morto. Anderson Gomes Santana, 28, teve a artéria femoral (canal responsável por levar sangue à musculatura da coxa) atingida por estilhaços e não resistiu a uma hemorragia.

José Lucena/Futura Press/Folhapress
Protesto contra a ação policial no Morro da Providência
Protesto contra a ação policial no Morro da Providência

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