Folha de S. Paulo


Vídeo mostra policiais em tentativa de forjar tiroteio em favela do Rio; assista

Assista ao vídeo

Um vídeo gravado na manhã desta terça-feira (29), no Morro da Providência, centro do Rio, mostra a ação de cinco policiais da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) em uma tentativa de forjar um tiroteio dentro da favela.

Em uma viela da Providência, um policial de blusa branca e colete preto –acompanhado por três policiais fardados– encosta uma pistola na mão de um jovem morto, estirado no chão da favela, e dispara dois tiros em sequência.

O governo do Rio confirmou a autenticidade do vídeo. Em nota, o próprio secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, afirmou que "repudia atos como esse". Disse ainda que "determinou rigor nas investigações com punição exemplar dos responsáveis".

No vídeo, não fica claro se a arma foi plantada na cena do crime pelos policiais ou se, de fato, estava com o menor Eduardo Felipe Santos Victor, 17, morto durante esta operação dos agentes da UPP.

É possível ver o policial de camiseta branca se ajoelhando próximo ao corpo. Logo depois, ele ajeita a arma perto da mão da vítima e faz dois disparos.

Segundo depoimento dos policiais no inquérito já instaurado, o menor foi baleado durante "confronto com a Unidade de Polícia Pacificadora".

De acordo com a versão dos PMs, o jovem carregava um rádio transmissor e uma pistola nove milímetros, além de munições.

A Folha apurou que a corregedoria da Polícia Militar determinou a prisão administrativa dos quatro policiais militares flagrados no vídeo, que provoca o afastamento imediato deles do patrulhamento nas ruas.

As armas dos policiais foram apreendidas e serão analisadas pela perícia.

IMAGEM DA UPP

O porta-voz da UPP, Major Ivan Blaz, condenou a atuação dos policiais e admitiu que o ocorrido mancha a imagem da UPP.

"As imagens são de uma flagrância chocante. O que está em jogo é a credibilidade do processo e a confiança estabelecida entre a sociedade e a polícia. É necessário que a punição venha imediatamente", afirmou, em frente à 4ª DP, no centro, onde os policiais estão sendo ouvidos.

Segundo ele, há uma " possibilidade grande" de os policiais serem presos administrativamente assim que forem ouvidos pela Corregedoria da Polícia Militar.

"Não podemos negar que tem, sim, um impacto imediato [na imagem da UPP], mas não podemos condenar todo um projeto de pacificação por casos lamentáveis como esse."

Do lado de fora da 4ª DP, moradores do morro da Providência protestavam, com gritos de "assassinos". Às 20h, carros da tropa de choque chegaram e se colocaram em frente aos portões da delegacia.

A Delegacia de Homicídios vai assumir o caso.


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