Folha de S. Paulo


Promotoria investiga máfia do ISS por extorsão a shoppings e motéis em SP

Divulgação/Prefeitura de SP
O auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, denunciado por envolvimento na máfia do ISS, é detido ao tentar extorquir outro auditor
Auditor Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, detido em junho por envolvimento na máfia do ISS

O Ministério Público de São Paulo e a CGM (Controladoria Geral do Município) investigam os acusados de envolvimento na máfia do ISS por suposta cobrança de propina para regularizar estabelecimentos comerciais já em funcionamento.

De acordo com o promotor Roberto Bodini, o Ministério Público apura a extorsão de grandes redes de supermercados, motéis na zona oeste de São Paulo e "os maiores e mais luxuosos" shoppings da cidade.

Os principais envolvidos no esquema são os mesmos da máfia do ISS, segundo a promotoria: Ronilson Bezerra, subsecretário da Receita de São Paulo na gestão Gilberto Kassab (PSD), e os fiscais Eduardo Barcelos, Carlos Di Lallo e Luís Magalhães.

A investigação, adiantada pelo jornal "O Estado de S. Paulo", partiu de delações premiadas feitas por três suspeitos de envolvimento no esquema. O Ministério Público investiga ainda a participação de mais de dez auditores fiscais.

A apuração mais adiantada diz respeito ao shopping Morumbi, que teria pago R$ 1,5 milhão a fiscais da prefeitura entre 2012 e 2013. A propina seria para evitar que os fiscais apertassem o cerco sobre o shopping por construir, após uma reforma em 2012, além do registrado na prefeitura.

Um dos delatores teria feito uma fiscalização minuciosa no shopping por 15 dias nas vésperas da preparação para o Natal, em 2012. Depois disso, Magalhães, então fiscal da prefeitura, teria exigido R$ 3 milhões para que as irregularidades encontradas não causassem o fechamento do local. As duas partes teriam fechado acordo de R$ 1,5 milhão, pago em cinco parcelas.

O Ministério Público deve oferecer denúncia à Justiça já na próxima semana.

O nome do presidente da Câmara Municipal, o vereador Antonio Donato (PT), foi citado em delação, de acordo com Bodini. Contudo, ele não é investigado, segundo o promotor, porque não há indícios de seu envolvimento.

"Mais uma vez meu nome foi indevidamente usado por esta quadrilha que fraudou os cofres da cidade. Nos últimos dois anos fui investigado pelo Ministério Público e ficou esclarecido que não tive qualquer envolvimento com este esquema de corrupção e que nunca recebi nenhum recurso destes criminosos", disse o vereador, em nota.

Por meio da assessoria de imprensa, o shopping Morumbi se declarou vítima de extorsão e afirmou que não iria se posicionar sobre o caso até o fim das investigações. A promotoria também considera como vítima a administração do centro comercial.

Editoria de Arte/Folhapress

Endereço da página: