Folha de S. Paulo


Chacina deixa quatro pessoas mortas em Carapicuíba, Grande SP

Edison Temoteo/Futura Press/Folhapress
Morador observa sangue de vítimas no local dos assassinatos, em Carapicuíba (Grande SP)
Morador observa sangue de vítimas no local dos assassinatos, na região central de Carapicuíba

Quatro adolescentes entre 16 e 18 anos foram mortos a tiros na madrugada deste sábado (19) em Carapicuíba, em nova chacina na Grande São Paulo –a primeira após a série de ataques que deixou 19 mortos em Osasco e Barueri.

As vítimas, que segundo a polícia não tinham antecedentes criminais, foram encontradas de bruços e com as mãos na cabeça.

O crime ocorreu em cidade vizinha a Osasco e Barueri e a cerca de sete quilômetros do bar epicentro da maior chacina do ano em SP –que, mais de um mês depois, ainda não foi esclarecida pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB).

Editoria de Arte/Folhapress

Os corpos encontrados em Carapicuíba estavam ao lado de duas motos que, segundo testemunhas, eram usadas pelas vítimas para entrega de pizza na região do crime. Os suspeitos que atacaram estavam em um carro escuro.

Foram mortos no ataque Matheus Moraes dos Santos, 16, Douglas Bastos Vieira, 16, José Carlos Costa do Nascimento, 17, e Carlos Eduardo Montilha de Souza, 18.

A perícia apreendeu no local cápsulas e projéteis de pistolas 380, calibre similar a algumas armas utilizadas nos ataques de 13 de agosto em Osasco e Barueri. A polícia disse, porém, que ainda não era possível fazer relação entre os dois casos.

As equipes envolvidas na investigação estavam "em busca de testemunhas e de imagens que possam auxiliar no esclarecimento". Será apurado também se os jovens estavam dominados quando foram mortos.

HIPÓTESE

Em 2013, uma investigação sobre chacinas ocorridas em Osasco e Carapicuíba encontrou relação entre os responsáveis pelas mortes –incluindo quatro policiais militares.

Em relação ao crime que deixou 19 mortos em agosto, a principal hipótese da investigação é que ele tenha sido uma represália de PMs à morte de um colega dias antes, durante um assalto a um posto de combustível.

Mais de um mês depois, só um soldado da Rota foi preso sob suspeita pela chacina –e, segundo integrantes da própria polícia, as evidências contra ele ainda são frágeis.

A força-tarefa criada pelo governo Alckmin para apurar as 19 mortes ficou marcada por divergências entre integrantes das polícias.

A Corregedoria da PM foi acusada de "atropelar" a investigação ao fazer pedidos de busca e apreensão nas casas de 19 pessoas, sendo 18 PMs e um segurança particular, sem comunicar a Polícia Civil.

Oficialmente, porém, Alckmin nega qualquer problema e diz que há cooperação mútua e que as apurações estão em estágio avançado.

Levantamento de agosto do Instituto Sou da Paz mostrou que as mortes em chacinas na capital e Grande SP mais que dobraram no primeiro semestre deste ano em relação a igual período de 2014.

Nos primeiros seis meses de 2015, 38 pessoas foram vítimas de dez chacinas, contra 18 mortes em seis casos na primeira metade de 2014.

A pesquisa não considerava ainda os 19 mortos dos ataques em Osasco e Barueri, que ocorreram em 13 de agosto.


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