Folha de S. Paulo


PM que empurrou suspeito de telhado diz que agiu em legítima defesa

Veja vídeo

Em novo depoimento prestado à Corregedoria da PM ontem, o policial flagrado empurrando Fernando Henrique da Silva, 18 anos, de cima do telhado de uma casa no Butantã (zona oeste), no dia 7, e seus colegas de corporação alegaram que o suspeito tentou lutar e, com isso, se desequilibrou.

Os seis policiais que perseguiram o rapaz afirmam que ele tentou agredi-los e que acabou se desequilibrando sozinho "por não ter caminho para descer."

A Corregedoria da PM considera a versão mentirosa, pelo fato de o vídeo gravado por um vizinho mostrar Silva sendo empurrado por um dos policiais em direção os fundos da casa, quando já estava algemado.

Na ocasião, uma moradora da rua acionou as equipes após relatar que homens tinham pulado dentro de sua casa. Silva e um amigo, Paulo Henrique Porto de Oliveira, 23, fugiam após tentarem roubar uma moto.

Infográfico: Pessoas mortas por policiais em serviço

Oliveira aparece em outras imagens de uma câmera de segurança levantando a camiseta para mostrar que não estava armado. Segundo a versão dos PMs, ele foi levado para atrás de um muro, onde morre por supostamente atirar nos policiais com um revólver que foi apresentado na delegacia.

As imagens mostram um dos outros cinco policiais acusados indo até o carro e pegando a arma, apesar da versão oficial de que houve um confronto.

A Corregedoria conseguiu anteontem na Justiça Militar a prisão temporária de todos os policiais que participaram da ocorrência. Eles trabalham no 16º e no 23º Batalhões, responsáveis
pelo policiamento da região. O secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse ontem que pedirá a expulsão deles dos quadros da corporação.

SILÊNCIO

Os advogados dos policiais militares presos não foram localizados pela reportagem para comentar o caso.

A mãe de Silva revelou ontem que o jovem é filho de um sargento da Polícia Militar de Minas Gerais. Segundo a Polícia Civil, ambos tinham infrações registradas quando eram adolescentes.

Assustados com a repercussão do caso, familiares de Oliveira não quiseram dar declarações na casa onde moram, próxima de onde o jovem morreu.


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