Folha de S. Paulo


Jovem de 13 anos é morto em ação policial no Rio; moradores protestam

Domingos Peixoto/Ag. O Globo
Após morte de garoto, outro jovem é carregado em ato que teve confronto com a polícia
Após morte de garoto, outro jovem é carregado em ato que teve confronto com a polícia em Manguinhos

Um garoto de 13 anos foi morto na manhã desta terça-feira (8) em uma operação da Polícia Civil em Manguinhos, zona norte do Rio.

De acordo com relato de familiares, o jovem foi baleado no peito ao tentar ajudar uma senhora que havia caído logo no início dos disparos. Segundos antes, ele jogava futebol em um campinho da comunidade.

A troca de tiros ocorreu durante a operação realizada pela Corregedoria da Polícia Civil e da Delegacia de Homicídios, que tentavam localizar assassinos de um policial militar, morto na Ilha do Governador.

Os moradores da região realizaram um protesto pela morte do menino por cerca de quatro horas. Os manifestantes chegaram a interditar com barricadas a avenida Leopoldo Bulhões, principal via do bairro. Um outro adolescente desmaiou durante o protesto. Bombas de efeito moral foram lançadas pelos policiais.

À tarde, uma moradora do Complexo da Maré ficou gravemente ferida em outra operação policial. Roberta Silva foi baleada no rosto durante confronto entre policiais e traficantes. Ela foi submetida a uma cirurgia e está internada em estado grave no Hospital Federal de Bonsucesso.

Escolas suspenderam as aulas nos dois complexos de favelas. No total, cerca de 7.000 estudantes foram prejudicados.

REPERCUSSÃO

O Fórum Social de Manguinhos divulgou uma nota, em rede social, comentando "com pesar que mais uma criança foi assassinada pelas mãos da polícia do Rio" e que continuarão lutando para que "a nossa favela não se cale diante de mais uma morte".

Em entrevista coletiva, o delegado Rivaldo Barbosa disse que as armas dos policiais foram apreendidas para perícia. Uma pistola, munição e um carregador foram encontrados no local onde o menino foi morto, mas não pertencia ao jovem, de acordo com o delegado. A polícia vai realizar uma reprodução simulada nos próximo dias.

A Anistia Internacional cobrou, em nota, apuração rigorosa da morte do menino em Manguinhos durante a operação policial.

"Mais uma vez uma criança é morta, resultado dessa lógica de guerra que marca a política de segurança pública no Brasil e vitima majoritariamente jovens negros das periferias das cidades", destaca Atila Roque, diretor executivo da Anistia Internacional Brasil.

Segundo a entidade, há relatos de que policiais tentaram alterar a cena do crime, levando o corpo para o carro da corporação, mas foram impedidos por moradores.


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