Folha de S. Paulo


Marco da história do Rio, praça Mauá será reaberta após obras

Ricardo Borges/Folhapress
No Rio, praça Mauá após reformas; ao fundo, o Museu do Amanhã
No Rio, praça Mauá após reformas; ao fundo, o Museu do Amanhã

Coração da zona portuária carioca, a praça Mauá, que marcou a revitalização do Rio no início do século 20, será reaberta ao público neste domingo (6) como parte da operação urbana Porto Maravilha.

No lugar das pedras portuguesas, o chão será de granito. Em vez da iluminação com luzes de mercúrio, pontos de LED. E seu calçadão, enfeitado com árvores e ampliado de 4.000 para 25 mil m², irá ligar o Museu de Arte do Rio ao do Amanhã.

A praça é também a primeira parada para turistas que chegam ao porto e terá uma das estações do bonde elétrico, ainda a ser inaugurado.

Para a revitalização, 250 operários trabalharam desde outubro de 2011. Além da superfície, agora desobstruída graças à derrubada do elevado da Perimetral, o subterrâneo também passou por modificações.

Por baixo da praça está o centro operacional do túnel Rio 450 anos, que liga o centro à zona portuária. Uma pequena abertura, restrita a funcionários, é o ponto de entrada para a central, que está a profundidade equivalente a um prédio de 15 andares.

O município não informa o valor gasto na reforma da praça Mauá por alegar que a obra está incluída na PPP (Parceria Público-Privada) da revitalização do porto, orçada em R$ 8 bilhões no total.

Segundo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), a renovação da área pública é também uma restauração da história da cidade.

"A reinauguração da praça Mauá é um marco do reencontro da cidade com sua própria história, e mais um símbolo da revitalização do Porto Maravilha. Antes escondida sob as sombras da Perimetral, a praça se reinventa e se torna, pela primeira vez, um importante polo de cultura e lazer", disse.

Localizada no final da avenida Rio Branco, uma das principais vias do centro do Rio, a praça surgiu como parte das grandes reformas promovidas pelo prefeito Pereira Passos (1902-1906).

No período, tiveram início as obras de construção do porto do Rio, considerado por muito tempo o maior da América Latina. Assim como toda a região portuária, a praça Mauá foi construída a partir de um aterro –seu primeiro nome foi praça da Prainha.

Depois, a praça ganhou arranha-céus, como o edifício "A Noite", inaugurado em 1929. Com a decadência do comércio do porto, a região virou ponto de prostituição e consumo de drogas.

#CIDADEOLÍMPICA

Na reinauguração, a estátua centenária de bronze de Irineu Evangelista de Sousa (1813-1889), o Barão de Mauá, do escultor Rodolfo Bernardelli, ganhará a companhia de outra escultura: uma "hashtag" de 25 metros com a inscrição #cidadeolímpica.

Jorge Caldeira, autor do livro "Mauá - Empresário do Império", explica que a estátua foi colocada no local em 1910 por ser ponto final da primeira ferrovia do Brasil, construída por Sousa.

"Ali, no dia da inauguração da ferrovia, ele recebeu o título de Barão de Mauá e, após sua morte, a praça foi renomeada em sua homenagem", diz Caldeira.

Durante as obras, a estátua do barão teve de ser retirada da praça pela segunda vez –a primeira havia sido em 1962, quando foi construído o elevado da Perimetral, demolido no ano passado, numa das principais obras da atual reforma da zona portuária.

Também como parte da reinauguração, artistas como Vik Muniz, Lírio Ferreira, Regina Silveira e VJ Spetto, entre outros, vão exibir trabalhos em prédios dos arredores da praça durante o mês de setembro.

Mapa: Caminho cultural na região portuária

ZONA PORTUÁRIA

A praça Mauá, reinaugurada neste domingo (6), é o primeiro trecho a ficar pronto da chamada Orla Prefeito Luiz Paulo Conde, um bulevar de 3,5 quilômetros, margeando a baía de Guanabara, ligando o Armazém 8, no porto, à praça 15, no centro.

A área, degradada há anos, ganhou novos ares com a demolição do elevado da Perimetral, viaduto que ligava o aeroporto Santos Dumont às vias de acesso da ponte Rio-Niterói e da avenida Brasil, e que foi implodido em 2014.

Parte do concreto demolido foi enterrado e, no seu trajeto, será formado o bulevar arborizado que incluirá uma ciclovia e os trilhos dos bondes do VLT (Veículo Leve sobre Trilho).

O VLT percorrerá toda a extensão do porto e fará integração com barcas, trens, ônibus e o bonde de Santa Teresa, além do aeroporto Santos Dumont.

O novo bulevar foi inspirado em projetos como o do porto de Barcelona, reformado para ser o portal de entrada para os Jogos Olímpicos de 1992.

Ele sediará o maior dos três Boulevards Olímpicos –o equivalente às Fan Fests da Copa, que a prefeitura vai erguer para transmitir ao vivo as competições da Rio-2016.

Ainda no trajeto por onde passava o elevado, duas vias expressas foram erguidas, com 6,8 km de extensão, três deles por túneis.

As obras fazem parte da operação Porto Maravilha, parceria público privada que abrange obras no valor de R$ 8 bilhões.

A área total do projeto é de 5 milhões de metros quadrados –três vezes a do parque Ibirapuera. Ela inclui a rodoviária Novo Rio e a estação Central do Brasil, e pontos históricos.

O projeto pretende também aumentar o número de moradores da área de 23 mil, em 2009, para 100 mil pessoas até 2021.


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