Folha de S. Paulo


Perito não vê excesso nem erro da PM em ação que deixou dois mortos na Sé

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Para o perito criminal Nelson Massini, professor da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), a Polícia Militar não errou nem cometeu excessos na ação que resultou em dois mortos na tarde desta sexta-feira (4) nas escadarias da catedral da Sé, no centro de São Paulo.

Ele analisou a pedido da Folha imagens da TV Bandeirantes e vídeos feitos por testemunhas que documentaram o crime em celulares.

"A polícia poderia ter atirado antes, havia legitimidade para isso. Houve um momento em que a refém tenta tirar a arma das mãos do homem e ele fica em posição de descanso. Se fosse a polícia americana, teria atirado", disse.

Segundo Massini, os policiais que estavam naquele momento na praça da Sé eram de rua, que faziam patrulha na região, sem experiência ou preparo para uma ação rápida, como exigia a situação. Para ele, é compreensível que os PMs agissem com cautela, sobretudo pelo local, cartão-postal do centro de São Paulo e com bastante movimento.

"A dúvida é se a polícia poderia ter atirado antes, mas todos foram pegos de surpresa. Optaram por não atirar. Não há o que condenar. Essa é uma decisão difícil que deve ser tomada em muito pouco tempo, com base em pouquíssimas informações", afirmou.

Ele ressaltou que os tiros dos policiais foram corretos, sem oferecer risco aos demais presentes. "A reação do autor dos disparos é de quem não está nem um pouco suscetível a negociações", completou. Ainda de acordo com Nelson Massini, as reações da refém, que em nenhum momento demonstrou passividade, revelam que ela sabia do poder ofensivo do homem armado.

O CASO

Segundo imagens da TV Bandeirantes e de vídeos feitos por testemunhas, na tarde desta sexta-feira (4), um homem de 49 anos, armado com um revólver mantinha uma mulher de 25 anos refém nas escadarias da igreja, no marco zero da capital paulista, quando Francisco Eramos Rodrigues de Lima, 61, interveio para resgatá-la.

Francisco Lima subiu as escadarias, pela lateral e sem ser notado, e se jogou contra o homem armado, Luiz Antonio da Silva, que havia imobilizado a mulher e a jogado ao chão.

Após rápida luta corporal, Lima foi baleado com ao menos dois tiros por Silva e caiu morto ao lado do portão principal da igreja, que estava fechado. A mulher, Elenilza Mariana de Oliveira Martins, conseguiu escapar, enquanto Silva recebeu uma série de tiros de policiais militares que faziam a ronda da região.


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