Detentas da Penitenciária Feminina de Sant'Ana, no Carandiru (zona norte), fizeram na segunda-feira (31) uma festa regada a drogas e bebida alcoólica.
A intenção supostamente era comemorar os 22 anos da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
Ontem, após a divulgação de vídeos da comemoração, o diretor de segurança da unidade foi exonerado pela Secretaria de Estado da Administração Penitenciária.
A Corregedoria Administrativa do Sistema Penitenciário investiga o caso.
Procurada, a assessoria do governador Geraldo Alckmin (PSDB) afirmou que a posição do tucano é a mesma da secretaria. O Ministério Público também disse que vai investigar os vídeos, feitos por pessoa não identificada.
Em um deles, com 48 segundos, as presas estão reunidas em dois pavimentos. Elas gritam "É o 15, é o 15, é o 15!", em referência aos números 15-3-3, que representam, em ordem alfabética, as letras do nome do PCC.
A facção criminosa foi fundada por oito presos em 31 de agosto de 1993, na Casa de Custódia e Tratamento de Taubaté (a 140 km de São Paulo).
Uma das presas orienta as colegas a fazer duas filas para a distribuição da bebida. "Vão fazer duas filas. Primeiro, vai ser pouquinho de cachaça, porque não deu para fazer muito", diz.
E completa: "Vamos dar os baseados (cigarro de maconha). Vai ser um para três, para dar para todo mundo".
Enquanto isso, são preparadas ao menos três bandejas com um pó branco. Em uma delas é escrito com a droga "PCC, 22 anos, 15,3,3".
Em outro vídeo, de menor duração, detentas aparecem usando a droga, que também está em bandejas com a inscrição das iniciais da facção.
Segundo dados da Secretaria da Administração Penitenciária, a cadeia tem 2.218 presas e capacidade para receber 2.696 detentas. Os números são de 27/8.
Os vídeos foram enviados para o Whatsapp da Folha: (11) 99490-1649.
OUTRO LADO
A Secretaria da Administração Penitenciária afirmou em nota que o diretor de segurança da Penitenciária Feminina de Sant'Ana e seus substitutos foram exonerados. Os nomes deles não foram divulgados.
A Corregedoria de Administração Penitenciária vai investigar o caso. "Se comprovada a participação de outros servidores, eles serão rigorosamente punidos", disse.
No texto, a pasta afirmou ainda que aguarda a vistoria ser finalizada para que as apreensões sejam encaminhadas à Polícia Civil.
Policiais vão investigar a origem das drogas e quem as levou para o presídio. De acordo com a secretaria, as presas identificadas foram transferidas.
O Ministério Público disse que apura a identificação das presas e se há envolvimento de funcionários no episódio.