O ciclofaixismo ciclofascista é um dos subprodutos da desintegração das esquerdas. Refiro-me à história das ideias, é claro! Os militantes do selim, em regra, nem sabem do que falo, como não sabem os que se aglutinam hoje em vários outros micro-fascismos.
Cada grupelho tem a ambição de organizar o mundo segundo seus hábitos, seus valores, seus próprios preconceitos. Da velha esquerda, essa gente herdou, por osmose, não por determinação intelectual, a vocação de refazer o homem desde o fim.
Morreram uma criança e um idoso? E daí? Segundo o prefeito Fernando Haddad, pedestres e ciclistas acabarão se entendendo. Um reengenheiro da humanidade não liga para alguns cadáveres. Quem não liga para alguns não liga para muitos milhões.
Este senhor está no meu caderninho desde que, ministro da Educação, ao defender um livro que fazia a apologia da ignorância, com a assinatura da sua pasta, deu a seguinte declaração:
"Há uma diferença entre o Hitler e o Stálin que precisa ser devidamente registrada. Ambos fuzilavam seus inimigos, mas o Stálin lia os livros antes de fuzilá-los. Estamos vivendo, portanto, uma pequena involução, estamos saindo de uma situação stalinista e agora adotando uma postura mais de viés fascista, que é criticar um livro sem ler".
Para ele, matar o autor depois de ler o livro é superior a matar sem ler. Dizer o quê?
Não estamos diante de uma luta por um padrão civilizatório entre o carro, símbolo do atraso, e a bicicleta, suposto ícone da modernidade ecológica -outro subproduto da esquerda esfarelada.
Não! Trata-se do confronto entre a racionalidade -que compreende a implementação, sim, de ciclovias onde isso for necessário e factível- e a ideologização rasteira da mobilidade urbana.
Rogério Sottili, sub de Eduardo Suplicy, se é que me entendem, afirmou o seguinte sobre as mortes: "Gostaria de ver as mesmas críticas aos motoristas de carros quando atropelam pessoas e cometem violências no trânsito".
Restou a Haddad, prefeito do PT, partido que dará juros subsidiados ao setor automobilístico, fazer uma hierarquia de cadáveres.
O prefeito é do tipo que lê.
| Rivaldo Gomes/Folhapress | ||
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| Ciclovia na zona leste onde menino morreu atropelado |