Folha de S. Paulo


Saiba quem são os mortos na maior chacina do ano em SP

Ao menos 18 pessoas morreram e seis ficaram feridas nas cidades de Osasco e Barueri, na Grande São Paulo, em um intervalo de aproximadamente três horas. Os crimes ocorreram na noite desta quinta-feira (13), dentro de um raio de 10 km.

O número de mortos e feridos foi confirmado no final da tarde pelo secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes. Inicialmente, a PM havia informado um total de 20 mortes, sendo corrigida pelo secretário em seguida. Posteriormente, também foi descartada relação entre uma morte de Itapevi com os demais crimes.

Segundo o secretário, foram 15 mortos em Osasco e três em Barueri. "Não descartamos nenhuma hipótese", disse o secretário, que indicou que uma das linhas de investigação é a participação de policiais, após recentes mortes de um PM e de um guarda civil metropolitano na região dos assassinatos.

Dos 18 homens assassinados, apenas seis tinham antecedentes criminais.

Em evento nesta sexta-feira (14), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) considerou "gravíssima" a chacina ocorrida. "Pelo número de mortos e feridos. Enfim, há a necessidade de esclarecer a relação entre elas. As causas disso e a prisão dos criminosos." O tucano também manifestou solidariedade às famílias das vítimas.

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CONFIRA ABAIXO PERFIL DE ALGUMAS DAS VÍTIMAS

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Fernando Luiz de Paula, 34

Fernando Luiz de Paula, 34, estava em um dos bares que foi alvo de ataque. A mãe de Fernando, Zilda Maria de Paula, disse que o filho era pintor, mas estava desempregado.

Segundo ela, o filho nunca esteve envolvido com nada e estava no bar bebendo apenas uma cerveja com os amigos. "Mas essas coisas nunca chegam como foi. Só sei que meu filho morreu. Não vou usar camiseta com a foto dele, não vou pedir justiça. Vou continuar meus corres porque ninguém vai me ajudar", disse Paula.

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Eduardo Oliveira Santos, 41

O companheiro de Eduardo Oliveira Santos, 41, Jean Lopes (à dir.), 34, disse que ele era tranquilo e que não estava envolvido em nenhuma confusão.

"Ele só estava no lugar errado na hora errada. Ele não tinha nenhum familiar próximo", disse Lopes, que morava com Eduardo havia cinco anos.

Lopes disse ainda que Eduardo jogava cartas e era do candomblé.

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Rafael Nunes de Oliveira, 23

Torcedor do Palmeiras, Rafael Nunes de Oliveira, 23, morava em Osasco, na Grande São Paulo, e gostava rap, rock e pagode.

"Hoje o sol não brilhou, os pássaros não cantaram, os rios se calaram e as lágrimas rolaram em meu rosto. Meu coração sofre em silêncio. Como eu quero que alguém me diga que é mentira, ainda não tô acreditando. Eternamente em meu coração, olhai por nós Rafa, aí de cima", postou um de seus amigos no Facebook.

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Eduardo Bernardino Cesar, 26

A irmã de Eduardo Bernardino Cesar, 26, conta que ele havia saído com um amigo para comprar um lanche próximo na mesma rua em que morava.

Ela disse que ambos caminhavam pela rua Eurico da Cruz, na Grande São Paulo, quando foram abordados. Segundo ela, dois motoqueiros começaram a atirar, mas o amigo conseguiu fugir.

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De acordo com familiares, Presley Santos Gonçalves, 26, pai de dois filhos, estava na frente da casa de um tio, quando um homem em uma moto atirou seis vezes nele. O padrasto de Presley disse que ele trabalhava em um mercado e que não estava no bar.

"Ele estava em frente a casa de um tio quando uma moto passou e um homem atirou nele. Deram seis tiros nele", disse Antônia de Jesus, 45, mãe de Presley.

"Quando morre um policial, pode saber, até 15 dias depois vai ter uma chacina. Nunca vai mudar, aqui não existe justiça. Está todo mundo falando que a ordem é não ter ninguém na rua depois das 23h", disse Rosângela Gonçalves, 50, amiga e vizinha de Presley.

Tinha antecedente criminal por receptação, segundo o governo.

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Thiago Marcos Damas, 32

A irmã de Thiago Marcos Damas, 32, Ana Aparecida Adriana de Lima, 46, disse que o irmão estava tomando cerveja com Eduardo Oliveira Santos, 41, quando os criminosos entraram no bar. "Ele foi atingido no abdômen e na perna, chegou a ser operado, mas não resistiu", disse Lima.

A irmã disse ainda que Thiago estava desempregado e que ele e Eduardo eram amigos de infância.

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Deivison Lopes Ferreira, 26

Jorge Henrique Lopes Ferreira, 31, disse que o irmão Deivison Lopes Ferreira, 26, fazia bico como ajudante geral e lembrou que há 18 anos, ambos haviam perdido o pai, da mesma maneira.

"Infelizmente, nada vai ser resolvido. Confio nas autoridades, sei que tem bons policiais e maus policiais... Quem fez isso não tem coração", disse o irmão.

O irmão lembra que Deivison havia acabado de concluir a reforma em um cômodo erguido os fundos da casa da família, onde passaria a morar na próxima segunda (17). Também havia conseguido um emprego com carteira assinada, disse, o que o faria deixar o bico à noite.

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Wilker Thiago Correa Osório, 29

Wilker Thiago Correa Osório, 29, era ajudante de pedreiro e estava em seu terceiro dia em um emprego novo. Ele foi assassinado enquanto voltava para casa a pé.

Segundo familiares, ao passar na rua Carlos Lacerda, no bairro Engenho Novo, um homem em um carro o chamou para pedir informações. Ao se aproximar do veículo, ele foi morto.

Em sua mochila teriam sido encontrados os seguinte itens: desodorante, perfume, chá e a marmita do dia. Osório deixa a mulher, os pais, um irmão e uma irmã.

Tinha cumprido pena por tráfico de drogas, segundo o governo.

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Também foram vítimas dos ataques: Adalberto Brito da Costa, Antônio Neves Neto, Igor Silva Oliveira, Jailton Vieira da Silva, Jonas dos Santos Soares, Joseval Amaral Silva, Leandro Pereira Assunção, Rodrigo Lima da Silva e Tiago Teixeira de Souza e Manuel dos Santos.

A adolescente Letícia Vieira, 15, morreu no início da madrugada de quinta-feira (27) em decorrência de uma infecção abdominal, informou a Secretaria de Estado da Saúde. Ela estava internada no Hospital Regional de Osasco desde o dia do ataque após levar um tiro no abdômen.


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