Folha de S. Paulo


PM e guarda universitária atuarão em parceria na segurança da USP

A Polícia Militar e a guarda universitária da USP deverão trabalhar em conjunto dentro do novo modelo de policiamento comunitário na Cidade Universitária, na zona oeste de São Paulo.

Em entrevista à Folha, o reitor da USP, Marco Antonio Zago, disse que a proposta é que, além da segurança patrimonial, a guarda auxilie os policiais, especialmente em relação à vigilância eletrônica em todo o campus, em uma área equivalente a 470 campos de futebol.

"Nossa segurança é muito limitada, os guardas andam desarmados, não podem dar voz de prisão. Queremos que se dediquem mais à vigilância eletrônica e auxiliem [a PM]. Temos um bom projeto para isso", afirmou Zago.

O novo modelo de polícia comunitária é inspirado em um programa japonês chamado koban, que trabalha, principalmente, com prevenção –em vez de se pautar pelo atendimento de ocorrências ou por rondas.

BASE FÍSICA

Haverá uma base física da PM dentro no campus, cujo efetivo será sempre o mesmo.

"A ideia é que os policiais fiquem aqui permanentemente, façam parte da comunidade, como antigamente. Lá na nossa cidadezinha, a gente conhecia o guarda-rua. Sabia a hora que ele chegava e a hora que ele saía", afirma o reitor da universidade, natural de Birigui, interior de SP.

A companhia da Polícia Militar que atuará na USP já está em fase de treinamento e terá entre 80 e 120 homens, segundo o secretário estadual da Segurança Pública, Alexandre Moraes –a PM quer levar o modelo também para Unesp e Unicamp.

Ainda não há prazo para a estreia desses policiais no campus, em ação chamada de USP Segura. A proposta ainda precisa ser apresentada a funcionários e alunos.

A discussão sobre a presença permanente da polícia na universidade sempre enfrentou resistência de entidades estudantis. Entre os motivos, as agremiações afirmam considerar que a polícia pode reprimir atividades de cunho político e social.

Segundo Zago, a prioridade no momento é apressar a implantação desse novo plano de segurança.

"Já faz tempo que precisava caminhar, mas tinha que amadurecer também. Havia muita resistência de alguns grupos de estudantes que diziam que isso iria militarizar a USP. Agora, na avenida Paulista não está militarizado. Precisamos ter um plano."

Caso contrário, afirma o reitor, "acontece o que aconteceu aqui há poucos dias". Em 15 de junho, uma aluna de economia da USP, de 17 anos, foi estuprada nos arredores da praça do Relógio, bem em frente à reitoria.

"Uma coisa horrorosa, um mundo inseguro. Temos que tomar medidas", afirma.

Para acompanhar a entrada da PM, o atual sistema de monitoramento eletrônico do campus será ampliado e modernizado. No total, vão ser instaladas 638 câmeras –contra as atuais 59.

Além disso, um grupo com profissionais do campus de Pirassununga, das superintendências de segurança e tecnologia da informação e da Escola Politécnica está desenvolvendo um aplicativo para celular que ajudará na gestão e segurança dos campi da universidade.


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