Folha de S. Paulo


No Rio, gangue usa retroescavadeira para roubar caixas eletrônicos

Passava das 3h, numa madrugada de domingo (19), quando o segurança do shopping Guadalupe, na zona norte do Rio, foi surpreendido pelo estrondo. Sozinho e desarmado, ele se escondeu e observou em silêncio a entrada da retroescavadeira que arrebentou a parede do local.

No instante seguinte, cerca de 20 homens armados e encapuzados utilizaram a máquina para erguer e colocar dois caixas eletrônicos na caçamba de um caminhão.

Mais de uma semana após o crime, ainda não há sinal dos equipamentos, do dinheiro ou dos envolvidos nessa ação. Foi o sétimo assalto a caixa eletrônico com o uso de retroescavadeira em 2015. Sempre nas madrugadas.

Para investigar se há conexão entre os casos, a Polícia Civil mobilizou diversas delegacias. Até a semana passada, ainda não havia capturado nenhum suspeito ou recuperado um real sequer.

Fabiano Rocha/Extra/Agência O Globo
Escavadeira usada por quadrilha em ataque a caixa eletrônico no Rio
Escavadeira usada por quadrilha em ataque a caixa eletrônico no Rio

"Quando cheguei para trabalhar, estava tudo no meio da rua, a parede destruída e o caixa eletrônico quebrado no chão", diz Claudiane Moreira de Sousa, 30, funcionária de um supermercado em Madureira que virou alvo de uma retroescavadeira em junho.

Nessa ação, os assaltantes roubaram também um caminhão da Comlurb (companhia de limpeza urbana do Rio) para transportar o caixa eletrônico levado do supermercado. Uma pane na retroescavadeira, porém, impediu a transferência do equipamento para o veículo.

Por enquanto, foi a única falha da "quadrilha da escavadeira" —termo já usado por policiais que investigam a nova modalidade de assalto, ainda invisível nas estatísticas.

O Instituto de Segurança Pública do Rio classifica este tipo de ação como "furto em estabelecimento comercial", em vez de "roubo a caixa eletrônico". Em toda a cidade, há 1.624 caixas eletrônicos.

De acordo com policiais ouvidos pela Folha, o uso de retroescavadeiras está sendo adotado como prática por uma facção criminosa.

A participação de policiais também é investigada. Afinal, fugir com uma retroescavadeira é uma tarefa árdua: o veículo trafega sempre em baixa velocidade e ainda faz muito barulho.

No comércio de bairros das zonas norte e oeste da cidade já é possível perceber que alguns estabelecimentos estão abrindo mão dos caixas.

"O movimento caiu, mas, ainda assim, é melhor", diz Cesarina Lucas, 37, funcionária do supermercado assaltado em Madureira, que até hoje não substituiu o aparelho.


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