Mais de metade dos atropelamentos com mortes causados por ônibus municipais em 2014 na cidade de São Paulo ocorreu em vias com corredores e faixas de ônibus.
Dos 56 casos registrados, 29 foram nas vias exclusivas –que representam menos de 10% da malha por onde circulam os ônibus na capital.
Os dados da SPTrans (São Paulo Transporte) foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação e revelados pelo site "Fiquem Sabendo".
Conforme revelou a Folha nesta semana, os atropelamentos por ônibus (incluindo também os intermunicipais, metropolitanos e fretados) cresceram 31% na cidade (de 87 em 2013 para 114 casos em 2014), num ritmo que destoa do restante da frota.
Especialistas avaliam que esse resultado deve ter relação com a expansão das faixas exclusivas de ônibus pela gestão Fernando Haddad (PT), assim como com a sinalização deficiente e a falta de limites de velocidade mais rigorosos para os coletivos.
Tendência semelhante de alta de atropelamentos foi verificada logo após a difusão de corredores de ônibus na gestão Marta Suplicy.
A explicação era que, não havendo obstáculos físicos separando a pista exclusiva, muitos pedestres observavam os carros parados nos congestionamentos e pensavam que poderiam atravessar, ainda que no semáforo vermelho –sendo atingidos pelos ônibus que rodavam na faixa livre.
Atropelamentos por ônibus/Editoria de Arte/Folhapress
Os dados da SPTrans contêm a numeração das vias onde ocorreram os atropelamentos com ônibus, permitindo identificar se há corredor ou faixa –embora não haja detalhes sobre onde estavam as vítimas atingidas.
Dos 29 casos, 16 foram em ruas com faixas exclusivas (à direita da via) e 13, em trechos com corredores (à esquerda).
Questionada pela Folha, a SPTrans disse haver um estudo para instalar novas faixas de travessia e semáforos para pedestres em vias com mais atropelamentos.
"Especificamente nas faixas exclusivas, equipes da SPTrans acompanham diariamente a operação de forma preventiva, com objetivo de coibir infrações como desrespeito às faixas de travessias, velocidade incompatível com a via, manobras inadequadas e outras condutas que possam gerar acidentes, além de orientar usuários e pedestres", afirma nota do órgão.
A SPTrans afirma ainda que acompanha os atropelamentos por ônibus municipais para criar medidas preventivas e encaminhar os motoristas para reciclagem.