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Xará do aplicativo Uber, taxista se queixa de concorrência desleal

Ale Cabral/Folhapress
Uber Cavalcante, que é taxista há um ano e cinco meses
Uber Cavalcante, que é taxista há um ano e cinco meses

Um taxista de São Paulo tem um motivo especial para ficar de olho na polêmica envolvendo sua profissão e o Uber, serviço que oferece transporte remunerado.

Uber Sampaio Cavalcante, 25, tem o mesmo nome do aplicativo proibido em projeto que passou em primeira votação na Câmara Municipal (falta outra votação e a sanção do prefeito petista Fernando Haddad).

A coincidência não reduz as críticas de Cavalcante ao serviço. Para ele, o aplicativo causa uma "concorrência desleal" para os taxistas, profissão que adotou há um ano e cinco meses.

"Temos que passar por várias coisas para exercer a profissão. Somos organizados e aí os caras vêm querer entrar na praça sem pagar taxa, sem fazer curso... Isso é desleal."

Cavalcante afirma que os colegas de profissão tiram sarro do seu nome e que o chamam de "Uber Clandestino". "Não sei há quanto tempo o aplicativo existe, mas, em São Paulo, eu sou o verdadeiro Uber", brinca.

O nome, segundo seu pai, é uma homenagem à cidade de Uberlândia (MG), onde sua família morou por três anos antes de seu nascimento. Ele nasceu em Diadema (ABC).

Seu nome também causa estranheza entre os passageiros. Certa vez, conta, uma senhora solicitou uma corrida por um aplicativo usado pelos taxistas e, quando ele chegou, ela ficou desconfiada.

"Tive que explicar que o nome era apenas uma coincidência, que eu não tinha nada a ver com o Uber. Ela achou que estava pegando um táxi clandestino", diz.

Ele diz que tem acompanhado a disputa entre taxistas e o Uber pelo noticiário.

Antes de se tornar taxista, Cavalcante ganhava a vida como motoboy, mas diz que foi seduzido pelas propostas do tio e do padrinho, que já exerciam a profissão.

Frotista, Cavalcante disse que trabalha de segunda a sábado, não tem ponto fixo e paga R$ 170 pela diária do táxi. "Atendo os clientes pelos vários aplicativos de serviço de táxi", conta. Ele, que é casado e tem um filho, não quis dizer quanto fatura.

OUTRO LADO

Em nota, o Uber rebate o argumento de "concorrência desleal" citando taxas que seus motoristas têm que pagar, como o ISS (Imposto Sobre Serviços), do qual os taxistas são isentos.

Editoria de Arte/Folhapress

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