Folha de S. Paulo


Caranguejo e manguezal ameaçam travar projeto antirrodízio da Sabesp

Ao menos para o Ministério Público de São Paulo, os caranguejos e o manguezal de Bertioga, no litoral do Estado, têm uma relação muito íntima com algumas das principais obras antirrodízio na região da Grande São Paulo.

Para a instituição, o projeto do governo do Estado para retirar 3.000 litros de água por segundo do rio Itapanhaú, em Biritiba-Mirim, no alto da serra, poderá afetar a fauna e a vegetação que vive na planície costeira, perto do mar.

Por isso, o inquérito civil que investiga a transposição do Rio Grande (Billings) para o sistema Alto Tietê se propõe também a entender os impactos ambientais da futura transposição dos rios Itatinga e Itapanhaú. Se forem graves, essa obra pode até não sair.

Um dos desdobramentos da eventual transposição, que está em estudo, segundo a Sabesp, é que chegue menos água ao litoral paulista.

Como esta obra também não teve a apresentação de um estudo de impacto ambiental, como ocorreu com a de transposição da Billings para o Alto Tietê, as dúvidas da Promotoria cresceram.

Jorge Araujo/Folhapress
Rio Itapanhaú, no litoral de SP, onde estão mangues e caranguejos sob análise da Promotoria
Rio Itapanhaú, no litoral de SP, onde estão mangues e caranguejos sob análise da Promotoria

Os manguezais são considerados grandes berçários marinhos e muitas espécies que passam sua fase adulta no oceano usam esses ambientes costeiros para a reprodução e o nascimento.

No caso da região de Bertioga, os manguezais ajudam a sustentar a pesca na região, além de servir como uma área de refúgio para aves.

Para institutos ambientais da Baixada Santista, como o Instituto Maramar para Gestão Responsável dos Ambientes Costeiros e Marinhos, não se pode falar em impacto negativo enquanto o projeto da Sabesp e os estudos ambientais não forem divulgados.

O problema, segundo Fabrício Gandini, diretor do Instituto Maramar, é que projetos de transposição de água, como o rio Itapanhaú, estão sendo feitos sem o debate nos fóruns adequados do Estado.

O projeto não foi apresentado, segundo Gandini, às instâncias que deveriam discutir essas propostas, como o Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista.

A expansão urbana da cidade de Bertioga, nos últimos anos, tem sido a grande responsável pela pressão ambiental sobre o manguezal –tanto em termos de desmatamento quanto em relação à poluição dos rios e córregos.


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