Folha de S. Paulo


Polícia de SP diz ter prendido número 1 do tráfico na região da cracolândia

O Denarc (departamento de narcóticos da Polícia Civil) prendeu nesta quinta-feira (2) o homem suspeito de ser o principal fornecedor de crack para a região da cracolândia, no centro de São Paulo. Os policiais ainda prenderam outras dez pessoas suspeitas de distribuir a droga em um dos principais pontos de consumo da cidade.

Givanildo Ferreira da Silva, o Alemão, foi apontado como o "atacadista" do crack. As investigações do Denarc apontaram que ele cobrava R$ 11,5 mil por kg da droga vendida a traficantes que atuavam na região da Luz. Três suspeitos continuam foragidos.

Os investigadores disseram Alemão vendia cerca de 90 kg da droga, o que rendia cerca de R$ 1 milhão bruto por mês. Os policiais não souberam informar quanto ele pagava pela droga, que ele recebia de fornecedores do Mato Grosso.

Cerca de 140 policiais civis e guardas civis metropolitanos, da prefeitura, participaram da operação para prender o bando e cumpriram outros 12 mandados de busca e apreensão. Entre os presos após quatro meses de investigação, estão seis homens e cinco mulheres.

A maioria, de acordo com a polícia, agia há bastante tempo na região, mas não tinha antecedentes criminais. Todos foram indiciados sob suspeita de tráfico de drogas e associação para o tráfico. Alguns também responderão por lavagem de dinheiro, mas a polícia não informou quais eram os comércios que eles usavam para praticar esse crime.

Durante a operação, foram apreendidos 8,5 kg de crack, balanças de precisão, um revólver, uma pistola, munição, três carros e R$ 66,8 mil em dinheiro. Com essa quantidade de crack apreendida, seria possível produzir cerca de 3.000 pedras pequenas para o consumo dos usuários. Cada uma é vendida por R$ 10 na região da cracolândia.

O diretor do Denarc, Ruy Ferraz Fontes, destacou a operação feita pela prefeitura para retirar os barracos da cracolândia como um grande redutor do tráfico na região e facilitador para a ação dos investigadores. "A Darci [Barbosa], conhecida como Tia pelos usuários, vendia 3.000 pedras por dia antes da ação da prefeitura. Depois disso, comercializava no máximo 40", disse. Ela é apontada como uma das traficantes que costumava entrar no "fluxo", como é conhecido o local onde os usuários se concentram para usar o crack.

O diretor do Denarc disse ainda que essa ação é o "primeiro passo" para acabar com a cracolândia.

Três dos suspeitos foram presos em flagrante quando estavam passando a droga um para o outro na estação Itaquera do Metrô, na zona leste. O diretor do Denarc disse que eles usam as estações porque são lugares com menos presença policial e consideram seguro.

Na época em que a prefeitura desmontou os barracos da cracolândia, o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, disse que não sabia da operação. O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou no mesmo dia que ainda contava com a ajuda da polícia para impedir o retorno da "favelinha" para a região, mas o secretário estadual disse que aquele era um problema social , não de segurança pública.

"Se todas essas pessoas que aqui estão fossem traficantes ou criminosos, nós faríamos uma operação policial, prenderíamos todo mundo e levaríamos para o sistema penitenciário. Essas pessoas não são traficantes, são usuárias que precisam de tratamento de saúde", disse na época.

Dias depois, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) orientou Moraes a ajudar a prefeitura e reforçasse o policiamento na região.

A reportagem não conseguiu encontrar a defesa de nenhum dos suspeitos para comentar o caso.


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