Folha de S. Paulo


Gol e Infraero são punidas por cadeirante se arrastar em escada

Seis meses depois de a executiva Katya Hemelrijk da Silva, 39, que é cadeirante, ter se arrastado pelas escadas de um avião da Gol, em Foz do Iguaçu (PR), para conseguir embarcar, a Anac decidiu aplicar 11 infrações que somam R$ 230 mil contra a empresa aérea e a Infraero.

O prazo para recurso é de 20 dias a partir do recebimento das infrações, todas baseadas em resolução –280/2013– sobre acessibilidade de passageiros com "necessidade de assistência especial" no transporte aéreo.

O aeroporto paranaense não dispunha, naquele momento, do equipamento que facilita o embarque de pessoas com deficiência, o ambulifit, e Katya se recusou a ser carregada por uma equipe não treinada, uma vez que possui uma enfermidade que deixa os ossos do corpo extremamente frágeis.

Como tinha de voltar a São Paulo para trabalhar e cuidar dos dois filhos, ela resolveu subir os degraus se arrastando. A cena foi fotografada.

2.fev.2014 - Divulgação
A cadeirante Katya Hemelrijk da Silva, 38, não aceitou ser levada no colo e se arrastou para subir em avião
A cadeirante Katya Hemelrijk, 38, não aceitou ser levada no colo e se arrastou para subir em avião

"Só multar não me agrada. Não era esse final que imaginei. Multa não resolve o problema da conscientização e da capacitação das pessoas", afirma Katya.

Ela aguarda uma audiência com o ministro Eliseu Padilha (Aviação Civil) para debater uma proposta efetiva para solução dos inúmeros problemas registrados com pessoas com deficiência em aeroportos brasileiros.

Dentre os erros apontados pela Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) para a Gol estão: desrespeito à prioridade de embarque da passageira; deixar de adotar medidas para garantir a integridade física e moral dela e não ter provas de capacitação específica de seu pessoal no aeroporto de Foz do Iguaçu.

Para a Infraero, empresa que administra o aeroporto, foram apontadas as seguintes falhas: não comprovação que mantém disponível informações sobre os meios para embarque e desembarque de passageiros com problemas de mobilidade e não comprovação de manter registro de troca de informações com operadores aéreos e com os passageiros com deficiência.

OUTRO LADO

Em nota, a Gol informou que não comentaria a notificação, lamentou o ocorrido com a cadeirante e declarou que está tomando medidas de melhoria no atendimento ao público com deficiência.

A Infraero, também em nota, declarou que "aguarda a notificação" para tomar as devidas providências".

A empresa informou ainda que adquiriu 15 ambulifts, com investimento de R$ 9,68 milhões, para os aeroportos que administra, inclusive para o de Foz do Iguaçu, que já está em operação.


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