Folha de S. Paulo


PM retira manifestantes anti-PT da Paulista após tumulto com ciclistas

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Quinze integrantes do Movimento Brasil Livre, que protestavam contra o PT, com faixas, na avenida Paulista, durante a inauguração da ciclovia local, tiveram de ser escoltados pela PM para deixar as imediações.

O grupo, que se concentrava na calçada direita da avenida, na altura da Praça do Ciclista (bem próximo à rua da Consolação), entrou em discussão seguida de embate com alguns ciclistas e pessoas que passavam pelo local.

Um ciclista chegou a trocar empurrões e acertar um dos manifestantes com um capacete durante troca de insultos.

A confusão começou quando os integrantes grupo começaram a gritar "Fora PT" durante o discurso comemorativo de David Santos Souza, 23, que perdeu o braço após ser atropelado na própria Paulista, quando pedalava pelo local, em 2013.

Com faixas exaltando o economista e filósofo liberal Ludwig von Mises, os manifestantes foram ironizados pelos ciclistas, que os chamavam de oportunistas, "coxinhhas" e "fascistas".

"O engraçado é que os ciclistas são acusados de partidarismo (pelo fato de o prefeito Fernando Haddad ser do PT ), mas quem faz campanha política são eles", queixou-se Gabriel Di Pierro, 36, diretor da associação Ciclocidade, que vestia uma camisa que pedia mais ciclovias. "Nossa briga de mais de uma década não tem relação com política", disse Di Pierro.

Cauê Del Valle, 21, estudante de Publicidade, um dos manifestantes, afirmou que o Movimento Brasil Livre é a favor da ciclovia. E disse que o grupo pretendia pedalar pela ciclovia recém-inaugurada posteriormente -plano que acabou não se concretizando, já que a PM os removeu antes.

"Estamos aqui contra o Foro de São Paulo e as pedaladas fiscais da [presidente] Dilma", afirmou Cauê.

"Não estamos sendo partidários, mas estamos contra o PT e favor do pensamento liberal de Mises", afirmou o estudante de direito Caíque Mafra, 21.

O comerciante Jacó Herman, 55, que pedalava pelo local, juntou-se ao grupo e chegou a ganhar uma camiseta de presente de um dos manifestantes.

"Essa ciclovia está cheia de buraco e não teve planejamento. O desemprego vai crescer muito. Por isso decidi pedir uma camiseta e me juntar a eles", disse Herman.

Editoria de Arte/Folhapress
CICLOVIA DA PAULISTAFaixa exclusiva para bicicletas será inaugurada neste domingo (28)

CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA

Com 2,7 km, a ciclovia da avenida Paulista, na região central de São Paulo, se estende da praça Oswaldo Cruz (Paraíso) à Consolação. Com isso, a gestão Fernando Haddad (PT) atinge a marca de 334,9 km de vias exclusivas para bicicletas em toda a capital paulista.

Na altura da rua Haddock Lobo, já no final da via, com o término do canteiro central, ela continua na faixa da esquerda até a rua da Consolação e segue à direita entre a Consolação e a avenida Angélica.

Se os ciclistas comemoram porque vão trafegar com mais conforto e segurança pelo tapete vermelho, há temor de que falte espaço para acomodar os mais de 1,5 milhão de pedestres que circulam diariamente pela avenida.

A questão divide a opinião de especialistas em engenharia de tráfego. Alguns afirmam que o desenho da pista causa risco de o pedestre ser "espremido" no canteiro central da Paulista se houver trânsito intenso de bicicletas. Outros dizem que a programação dos semáforos da avenida dá ao pedestre tempo suficiente para atravessar e o espaço das "ilhas" criadas no canteiro central será suficiente para acomodar a todos.

A inauguração da ciclovia é vista também como um teste para o projeto de fechar a via para automóveis todos os domingos.

O plano, ainda em estudo, seria transformar o principal cartão postal de São Paulo numa espécie de praça a céu aberto, onde usuários de bicicletas, skates, patins e pedestres iriam se misturar aos artistas de rua que se apresentam por ali.


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