Folha de S. Paulo


Grupo joga tinta azul na ciclovia da Paulista antes de inauguração

Uma grande quantidade de tinta azul à base de água foi despejada na ciclovia da avenida Paulista, região central de São Paulo, na madrugada deste domingo (28).

A inauguração da ciclovia da avenida Paulista, que acontece neste domingo, é encarada pela gestão Fernando Haddad (PT) como teste para um projeto de fechar a via para automóveis todos os domingos.

Para a abertura oficial da ciclovia, que tem 2,7 km de extensão da praça Oswaldo Cruz (Paraíso) à Consolação, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a avenida Paulista neste domingo está fechada nos dois sentidos desde as 10h. A previsão é que seja liberada a partir das 17h.

Uma garrafa pet ainda ainda com tinta foi encontrada no local, nas imediações do parque Trianon, na avenida Paulista. A polícia não identificou os autores do ato de vandalismo.

Aparentemente, a tinta usada foi a guache, comumente utilizada em trabalhos escolares. A mancha azul se estendeu por cerca de 300 metros, entre o Masp e rua Pamplona.

O azul é a cor adotada pelo PSDB, partido do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o vermelho é a cor do PT, partido do prefeito Fernando Haddad.

A cor vermelha usada nas ciclovias, no entanto, é definida pelo Manual Brasileiro de Sinalização de Trânsito e a mais adotada internacionalmente. Além disso, o vermelho já era usado pela CET nas gestões anteriores.

Sandro Cuoghi, 38, superintendente de implantação do projeto da ciclovia, afirma ter chegado pouco depois de a tinta ser despejada. "Ainda estava molhada quando cheguei, às 5h20", afirma.

De acordo com um funcionário da prefeitura, cerca de 4.000 litros de água foram usados para realizar a limpeza da ciclovia –um carro-pipa teve de ser requisitado para o serviço.

Apesar do transtorno, Cuoghi comemorou uma vitória particular após o incidente. Como a ciclovia foi construída com cimento pigmentado, a remoção da tinta azul foi relativamente fácil.

"Se tivéssemos feito a ciclovia com cimento normal e pintado de tinta vermelha, teríamos de inaugurá-la ainda manchada", afirma Cuoghi, que diz ter sido o idealizador do uso de cimento pigmentado no projeto.

"De qualquer maneira, é um ato lamentável", disse o superintendente. "A julgar pela escolha do cor, é de se imaginar que trata-se de um ato político", diz.

Editoria de Arte/Folhapress

CICLOVIA NA AVENIDA PAULISTA

Com 2,7 km, a ciclovia da avenida Paulista, na região central de São Paulo, se estende da praça Oswaldo Cruz (Paraíso) à Consolação. Com isso, a gestão Fernando Haddad (PT) atinge a marca de 334,9 km de vias exclusivas para bicicletas em toda a capital paulista.

Na altura da rua Haddock Lobo, já no final da via, com o término do canteiro central, ela continua na faixa da esquerda até a rua da Consolação e segue à direita entre a Consolação e a avenida Angélica.

Se os ciclistas comemoram porque vão trafegar com mais conforto e segurança pelo tapete vermelho, há temor de que falte espaço para acomodar os mais de 1,5 milhão de pedestres que circulam diariamente pela avenida.

A questão divide a opinião de especialistas em engenharia de tráfego. Alguns afirmam que o desenho da pista causa risco de o pedestre ser "espremido" no canteiro central da Paulista se houver trânsito intenso de bicicletas. Outros dizem que a programação dos semáforos da avenida dá ao pedestre tempo suficiente para atravessar e o espaço das "ilhas" criadas no canteiro central será suficiente para acomodar a todos.

A inauguração da ciclovia é vista também como um teste para o projeto de fechar a via para automóveis todos os domingos.

O plano, ainda em estudo, seria transformar o principal cartão postal de São Paulo numa espécie de praça a céu aberto, onde usuários de bicicletas, skates, patins e pedestres iriam se misturar aos artistas de rua que se apresentam por ali.


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