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Investigado na máfia do ISS é preso ao tentar extorquir outro auditor

Divulgação/Prefeitura de SP
O auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, denunciado por envolvimento na máfia do ISS, é detido ao tentar extorquir outro auditor
O auditor Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, denunciado por envolvimento na máfia do ISS, é detido

O auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães, um dos denunciados no esquema da máfia do ISS, foi preso em flagrante na noite desta quarta-feira (17) ao tentar extorquir outro auditor investigado no esquema de cobrança de propina de construtores em troca de desconto no imposto.

A prisão, no Tatuapé (zona leste de São Paulo), é resultado de uma operação conjunta da Controladoria-Geral do Município, do Ministério Público e da Polícia Civil.

Segundo a administração, Magalhães exigiu R$ 70 mil do colega Carlos Flávio Moretti Filho para que prestasse um depoimento favorável a ele em um inquérito administrativo disciplinar da prefeitura no próximo dia 19.

Divulgação/Prefeitura de SP
O auditor fiscal Luís Alexandre Cardoso de Magalhães foi preso com R$ 70 mil, valor que extorquiu de outro auditor
R$ 70 mil que foram apreendidos com o auditor fiscal; valor é fruto de extorsão

INQUÉRITO DISCIPLINAR

Moretti passa por um processo de expulsão da prefeitura por suspeita de envolvimento em fraudes do ISS. A reportagem não conseguiu localizá-lo nesta quarta.

Na condição de delator, Luís Alexandre daria um depoimento nos próximos dias sobre a atuação do colega no esquema. Para não entregá-lo, pediu dinheiro, segundo o controlador-geral do município, Roberto Porto.

Ele disse que Moretti já havia pago R$ 100 mil a Luís Alexandre para que ele não citasse seu nome em outros depoimentos. "Mas ele [Luís Alexandre] não se contentou e pediu mais R$ 70 mil."

A quantia, em notas de R$ 100, foi entregue por Moretti nesta quarta dentro do bar Berinjela, na praça 20 de Janeiro, no Tatuapé.

A prefeitura e o Ministério Público já vinham monitorando Luís Alexandre e o surpreenderam. Policiais, promotores e integrantes da Controladoria fizeram o flagrante por extorsão logo depois do pagamento.

"Ele estava usando a delação premiada para ganhar dinheiro. Ele não tem escrúpulos", afirmou Porto.

Segundo o controlador, a extorsão não inviabiliza outros depoimentos do auditor sobre a máfia do ISS porque outras provas também serão levadas em conta no processo, além da delação.

A defesa do fiscal não foi localizada nesta quarta. Em janeiro, ele disse à Folha que se sentia "libertado" após a revelação do esquema.

A máfia do ISS, descoberta em 2013 e da qual ele fazia parte, cobrava propina para reduzir o valor de tributos.

Editoria de Arte/Folhapress

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