Folha de S. Paulo


Suspeito de decepar orelha de jovem em festa no Rio tem prisão decretada

A Justiça do Rio de Janeiro aceitou, na tarde desta quinta-feira (11), denúncia contra o promotor de eventos José Phillipe Ribeiro de Castro, 28. Ele feriu três pessoas com um objeto cortante após uma festa na Gávea, bairro de classe alta da zona sul carioca.

O crime ocorreu no último sábado (6), na própria casa do agressor. Uma das vítimas teve órgãos perfurados e chegou a ficar no CTI em estado grave. Uma segunda vítima teve parte da orelha direita decepada.

Castro, que já tem histórico de violência, tendo sido, inclusive, condenado em 2011 pela Lei Maria da Penha, se entregou horas mais tarde e foi encaminhado ao presídio. Sua prisão preventiva foi decretada nesta quinta pela Justiça.

O crime ocorreu porque o irmão do promotor de eventos havia dado uma festa na noite de sexta, aproveitando que seus pais estavam viajando. Castro chegou de manhã e encontrou seu irmão e alguns poucos convidados na piscina. Um deles, Gabriel Cunha da Silva, 29, urinava em um canteiro.

O agressor iniciou uma discussão com o convidado. Castro estava com um objeto cortante que ainda não foi identificado pela Polícia Civil do Rio. Ele desferiu golpes na altura da cabeça do rapaz, que estava de costas, arrancando-lhe parte da orelha e causando-lhe ferimentos no supercílio. Houve uma rápida luta no chão e a vítima chegou a morder o agressor na barriga duas vezes.

Em seguida, a noiva do rapaz agredido, Ana Carolina Romeiro, 21, tentou intervir e foi atacada com o objeto cortante no tórax três vezes. Ela teve o fígado perfurado. Uma terceira pessoa, Lourenço Mayer Brenha, também foi ferido quando tentava apartar a briga.

A polícia ainda não identificou o que foi usado para agredir as três pessoas. Não se sabe se foi uma faca, estilete, saca-rolha ou canivete. O casal foi levado ao hospital com ferimentos graves. O rapaz recebeu alta no dia seguinte. A jovem passou por cirurgias e deixou nesta quinta-feira (11) o CTI.

A dinâmica do crime foi apresentada pela polícia do Rio ao longo da semana, durante as investigações. Dezenove pessoas, segundo a polícia, foram ouvidas.

A Justiça aceitou nesta quinta denúncia do Ministério Público do Rio por dupla tentativa de homicídio qualificado –por motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas– contra o casal. Ele também foi denunciado por lesão corporal culposa contra a terceira vítima que tentava apartar. Somadas, as penas podem chegar a 40 anos de prisão. O processo correrá na 4ª Vara Criminal do Rio.

"Da breve leitura dos autos, já se extrai o comportamento agressivo do réu e sua personalidade voltada à prática de delitos, sempre com violência contra a pessoa, comportamento que vem reafirmado de forma geral e quase unânime pelas testemunhas ouvidas", afirma a juíza Elizabeth Machado Louro, da 4ª Vara Criminal.

"Tal circunstância, por óbvio, afigura-se apta a interferir também na instrução criminal, até porque várias das testemunhas ouvidas afirmam temer o temperamento violento do acusado, impondo-se, assim, a adoção da medida extrema como forma de assegurar a tranquilidade das vítimas e das testemunhas, que devem prestar seus depoimentos em juízo livres de qualquer temor".

HISTÓRICO VIOLENTO

A ficha criminal do promotor de eventos é extensa, segundo a polícia. Em 2011 foi condenado pela Lei Maria da Penha por ter agredido e depois arrombado a porta da casa de uma namorada. Ele teria ainda oito passagens pela polícia, a maioria por lesão corporal. A primeira teria ocorrido quando ele ainda era menor de idade. Castro permanecerá preso no complexo penitenciário estadual de Gericinó, em Bangu, zona oeste do Rio.


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